domingo, 29 de abril de 2012

Propostas de Emendas rasgam o texto legal, denuncia Krenak

Antonio Carlos Ribeiro

Rio de Janeiro, segunda-feira, 30 de abril de 2012 (ALC) - Ailton Krenak condenou as Propostas de Emenda à Constituição (PEC), pois elas “rasgam a Constituição a cada momento. Parece que há deputados e senadores que – diferentes de um Suplicy (senador Eduardo Suplicy) – não sabem a que vieram, não têm razões para lutar e não respeitam o nosso povo. Deviam ir embora, trocar de atividade e organizar a quadrilha fora do Congresso”, disparou o índio que usou pintura de guerra para denunciar grilagem de terras no Congresso, nos anos 80.

Edson Kaiapó, doutorando em educação pela Universidade de São Paulo (USP), lembrou uma cena em que via uma “creche de luxo para cachorros e do outro lado da rua os policiais chutando crianças que dormiam na calçada, gritando: ‘levanta, vocês vão atrapalhar a passagem das pessoas’”. Por isso decidiu pensar na aldeia onde se vive com dignidade e respeito, e da literatura como forma de mostrar nova maneira de lidar com os outros.


Ailton e Edson participaram do I Encontro do Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas (Nearin) na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), na quinta-feira,m 26. O encontro é uma iniciativa do Núcleo de Educação de Adultos (NEAd) e da Cátedra UNESCO de Leitura. Três mesas de debate reuniram autores de livros, artistas e intelectuais.

A primeira mesa tratou da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, a partir da perspectiva indígena, fazendo um balanço da visão ambiental brasileira, com a participação de Ailton Krenak, Manoel Moura e Álvaro Tukano, mediados pelo professor Renato Costa, do NEAd.

A Literatura Indígena e Meio Ambiente, tema da segunda mesa, trouxe uma reflexão de Eliane Potiguara, Edson Kaiapó e Ely Macuxi, mediados pelo literato Ricardo Oiticica, da Cátedra, sobre o papel da literatura produzida por indígena na formação da consciência ambiental brasileira.

A terceira e última mesa tratou do tema da literatura infantil e juvenil, ressaltando a presença do curumim na literatura e do debate sobre educação socioambiental através da literatura. Participaram a antropóloga Melissa Carvalho Gomes Monteiro e o teólogo Antonio Carlos Ribeiro, da Cátedra, com a mediação do artista Cristino Wapichana. As colocações dos painelistas provocaram perguntas e reações.

As diversas respostas enfatizaram o estado da situação das populações indígenas, assentadas e ribeirinhas, diante de governos que se corrompem e da reação dos povos indígenas, especialmente através de artistas e intelectuais que potencializam a participação indígena e seu papel na sociedade, como seu ponto mais forte.

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