domingo, 27 de novembro de 2011

Igrejas e Koinonia apóiam luta dos moradores de Santa Teresa

ALC

Rio de Janeiro – Representantes das Igrejas Anglicana, Luterana, Presbiteriana Unida, Batista e Koinonia Presença Ecumênica e Serviço participaram no sábado, dia 27, do Ato Ecumênico Iluminando os trilhos da Justiça, na Luta dos Moradores de Santa Teresa e em memória das vítimas do descaso do Governo Estadual com o sistema de bondes, que resultou em 8 mortes e 50 feridos nos últimos três meses. A celebração teve momentos de reflexão, canto e informação sobre as etapas da luta por justiça.


Da esquerda: Rev. Artur Cavalcante, secretário geral da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Rev. Eduardo Dutra, da Igreja Presbiteriana Unida (IPU), Pastor Nilo Tavares (Aliança de Batistas do Brasil), Rev. Daniel Rangel Cabral Jr (IEAB), D. Filadelfo Oliveira, bispo diocesano (IEAB), Prof. Jorge Atílio Iulianelli (Koinonia), Pastor Antonio Carlos Ribeiro, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Rev. Luiz Caetano Grecco Teixeira (IEAB) e a teóloga Marilia Schüler (Koinonia)

O ato começou com procissão que saiu da Igreja São Paulo e foi reunindo pessoas até chegar ao largo do Curvelo, a poucos metros da travessia dos Arcos da Lapa, marco da tradição cultural, no centro da cidade, e foi realizado pelo terceiro mês consecutivo após o acidente. O sistema de bondes, que funciona há 115 anos, não é apenas um marco turístico da cidade maravilhosa, mas meio de transporte para os moradores e atrativo fundamental da vida econômica do bairro.

As ordens judiciais que determinam a recuperação do serviço são de 2008, data desde a qual são descumpridas pelo governo estadual, atitude com a qual o governador Sérgio Cabral e o secretário de transportes Júlio Lopes – com a omissão do Ministério Público do Rio de Janeiro, ao não exigir o cumprimento da sentença – assumiram o risco de provocar morte com os acidentes, como ocorrido no dia 27 de agosto. O Conselho Nacional do Ministério Público investiga a omissão do MPRJ por causa do maior acidente da história dos bondes.

A decisão do governo estadual errou ainda ao trocar os bondes por Veículos de Transporte Leve (VTL), ao desconsiderar o decreto de tombamento, já que os bondes são tombados na aparência e no sistema, que incluem aspecto a rota e o sistema paisagístico do tradicional bairro, e ter se baseado apenas nos órgãos de patrimônio, que não se sobrepõem à lei, limitando-se a anunciar uma reforma para 2014, que não atende o prazo da sentença judicial e conjuga interesses comerciais e eleitorais, com a realização dos jogos de futebol da Copa e a realização de eleições.


As igrejas e entidades consideraram justas e manifestaram apoio às reivindicações da população, que sofria com o transporte de baixa, agravado com o acidente com vítimas fatais e o descaso tornado decisão com a paralisação do serviço. A celebração no local do acidente, com uma réplica do “bondinho” e a lembrança do nome das vítimas é um manifesto que não deixa a dor dos moradores sucumbir ao brilho ofuscante dos prédios e praças do centro e nem à indiferença das autoridades.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ensino religioso deve respeitar diversidade religiosa

Antonio Carlos Ribeiro

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião (ANPTECRE) publicou carta aberta propondo ensino religioso não-confessional, sem proselitismo e nos termos da legislação já existente.



O posicionamento foi expresso em documento escrito em parceria com a Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER) e o Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER). A divulgação do documento coincide com a reunião do ministro Carlos Ayres Brito, do Supremo Tribunal Federal (STF), com membros do Conselho Nacional de Educação (CNE).

A carta foi publicada pelo Grupo de Pesquisa Educação e Religião (GPER) http://www.gper.com.br/?sec=informacoes&id=2397 e elenca a fundamentação legal e os objetivos, divulga as ações já realizadas e defende a tomada de atitudes por órgãos públicos como o Ministério da Educação e Cultura (MEC), o STF, a Procuradoria Geral da República (PGR), a Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (CONSED) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME).

O documento cita a Constituição Federal e a Lei nº 9.475/97, que altera o Art. 33 da Lei de Diretrizes de Base (LDB) nº 9.394/96 para lembrar que Ensino Religioso é atividade de horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

A atividade integra a formação básica do cidadão, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa, veda formas expressas ou veladas de proselitismo, contribui para o desenvolvimento do educando e prepara-o para a cidadania, valorizando conhecimentos, saberes e valores da cultura brasileira.

Enfatiza ainda que o Ensino Religioso deve atender à função social da escola, dar a conhecer elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, adotar abordagem pedagógica e reconhecer a diversidade cultural-religiosa brasileira, tendo em vista formar cidadãos críticos, responsáveis e com discernimento dos fenômenos religiosos.

A carta informa que já há centenas de sistemas estaduais e municipais de ensino que obedecem a esses parâmetros, inclusive com propostas, diretrizes curriculares e com professores habilitados em Ensino Religioso, contratados por concursos públicos.

Destaca que foram e são realizados eventos científicos, fóruns, encontros e debates, abordando a natureza epistemológica e pedagógica do Ensino Religioso, além da publicação de obras, revistas, cadernos, documentos e páginas eletrônicas que veiculam artigos, trabalhos e fatos sobre o Ensino Religioso.

Ressalta que a ANPTECRE e a SOTER já têm grupos de trabalho atuando nessa área, com participação de docentes-pesquisadores, e que já foram incluídas cinco ementas no documento final da Conferência Nacional de Educação (CONAE) para a década de 2011-2020, propondo, entre outras medidas, que o ensino público se paute na laicidade, sem privilegiar elemento particular de cada religião.

A carta aberta defende que o Ministério da Educação e Cultura publique diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Religioso, que o Conselho Nacional de Educação emita diretrizes curriculares nacionais para a formação dos professores, que o STF aceite a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) e assente que o Ensino Religioso em escolas públicas só pode ser de natureza não-confessional.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

500 anos de reforma - 500 árvores para Wittenberg

Antonio Carlos Ribeiro

Wittenberg Cidade de Lutero - "Mesmo se eu soubesse que o mundo iria desabar amanhã, ainda assim eu plantaria a minha macieira hoje", diz a frase atribuída a Martinho Lutero. Este fato foi lembrado neste momento em que as igrejas luteranas vão comemorar o 500º aniversário da Reforma (Jubileu) em 2017.


O ex-secretário geral da Federação Luterana Mundial, Dr Ishmael Noko, planta a primeira
árvore do Jardim Lutero

Um modo de dar expressão à comemoração, será criado um parque, o Jardim Lutero, nas fortificações da cidade antiga, em Wittenberg, onde o movimento reformador foi iniciado. A proposta do projeto é que sejam plantadas 500 árvores no Jardim Lutero e em outros lugares na cidade, dando um sinal concreto do seu otimismo, claramente expresso ao falar da macieira.

Igrejas de todo o mundo e de todas as confissões estão sendo convidadas a patrocinar uma das 500 árvores a serem plantadas em Wittenberg, ao mesmo tempo plantando uma árvore semelhante num lugar significativo para cada igreja. Também cristãos podem plantar, particularmente, a sua árvore.

Através deste projeto cooperativo, o Jardim Lutero vai estimular a interação e definir um processo de comunicação em movimento. A Federação Luterana Mundial (FLM) espera que esse gesto faça surgir impulsos positivos que se espalhem na cidade, na região, no país e, finalmente no mundo. Desta forma, o significado do longo alcance da Reforma se torna bem conhecido.

O Projeto foi proposto pela FLM, de Genebra, com apoio do Comitê Nacional Alemão da FLM e as Igrejas Evangélicas Luteranas Unidas na Alemanha, em cooperação com Wittenberg a Cidade de Lutero.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Avançar ou recuar na caminhada ecumênica

Antonio Carlos Ribeiro

O passo necessário para que as igrejas desenvolvam uma agenda ecumênica produtiva é um “impulso ecumênico para a celebração conjunta” das igrejas evangélicas entre si e a igreja católica. Quando a igreja católica romana exige o reconhecimento da centralidade para o estabelecimento da comunhão, rompe o sentido do esforço ecumênico. Se as igrejas evangélicas, reformadas, anglicanas e livres reagem com a mesma postura, fazem eco à mesma atitude. Se insistem no diálogo, avançam no esforço ecumênico.

Os dilemas vividos pelas igrejas cristãs ao elaborar sua prática ecumênica passa por sua auto-compreensão teológica, pelo relacionamento com as demais igrejas ecumênicas e com a sociedade. Aqui não se pensa em termos de comunidades locais, mas de grandes corpos eclesiásticos mundiais. Os valores centrais a partir dos quais ela elabora sua identidade determinam seu papel e atuação, bem como se estabelece relações hegemônicas ou abertas com as demais igrejas e com as sociedades humanas.

Com base nestes critérios, as igrejas ecumênicas se organizam em famílias confessionais, em organismos ecumênicos regionais e num organismo mundial, que promove um encontro de propostas, projetos e lideranças, construindo a comunhão através de experiências de serviço, com vistas a se ajudarem mutuamente, debaterem temas relevantes e buscarem a comunhão ecumênica.

A recente visita do Papa à Alemanha provocou duas reações que talvez se destaquem entre as diversas por sua sinceridade na avaliação teológica e mesmo seu senso pastoral. Trata-se das reações dos bispos Michael Bünker, presidente do Conselho da Igreja Evangélica na Áustria, e do Bispo Dr. Mark Dröge, da Igreja Evangélica Berlim-Brandenburg-Silésia. Os dois se mostraram decepcionados por causa das expectativas criadas, que a seu ver , resultaram em frustração.

Bünker afirmou que o impulso ecumênico na celebração em conjunto com bispo evangélicos – a principal tônica da visita preparatória para a celebração dos 500 anos da Reforma – falhou. Ele entendeu que deveria ser o momento para "a Igreja Católica Romana mostrar tem um interesse verdadeiramente ativo no diálogo com a Igreja Protestante”, afirmou.



O encontro começou com uma celebração ecumênica no mosteiro dos monges agostinhos, onde em seguida seria realizada uma reunião. O bispo austríaco entendeu, como parte significativa dos presentes, que o sinal deveria ser o evento ecumênico, um culto comum às duas tradições que se realiza num lugar histórico. A simples formalidade, que não estabelece relação e não se deixa tocar, entre pessoas do mesmo país e cultura, foi a pior surpresa.

Nesse contexto, é que a fala de Kathrin Göring-Eckhardt, vice-presidente do Parlamento Alemão desde 2005 e agora presidente do Sínodo Evangélico, foi chamada por Bünker de “espiritual”, por suscitar a humanidade de "um rosto diferente" entre as duas igrejas. Ela deixou claro que "a Igreja Protestante é a igreja onde mulheres e homens são eleitos da mesma maneira para todas as funções ativas” – lugar do qual podem cooperar "com respeito e como iguais" – e não apenas masculina e hierárquica.

O segundo bispo a manifestar-se de forma pública foi o Dr. Mark Dröge, da Igreja Evangélica Berlim-Brandenburg-Silésia. Mais direto, ele classificou a visita de “decepcionante, irritante, uma oportunidade perdida”. Ele já tinha considerado a expectativa absurda, mas diante do fato, disse que a aparente sobriedade desse Papa não tem nenhuma paixão, não apresenta nenhum conceito de ecumenismo e não traz sequer uma ideia de trabalho teológico, o mínimo a aguardar num ambiente de tradição e erudição.



Ele observou que sequer foram destacados os avanços da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, nem aproveitou a oportunidade e pouco acrescentou. Isso levou Dröger a concluir que “a atitude do Papa não afeta a nossa auto-compreensão protestante. Não estamos esperando por dádivas ecumênicas”, mas o que os evangélicos e a sociedade esperam é um debate sério, a partir do qual as igrejas entendam como corresponder ao Evangelho de Jesus Cristo.

Ele observa que não basta lembrar o Deus misericordioso, de Lutero, mas a resposta Reformada enfatiza a confiança em Cristo, a palavra por si só, e apenas a graça (sola gratia). Incisivo no cerne da proposta, Dröger não se contenta com o desapego, mas afirma “com Paulo que o verdadeiro serviço de Deus no mundo cotidiano está ocorrendo”.

Sente, como bispo, que a igreja deve debater temas como a “ordenação de mulheres – a partir da plenitude de Cristo (Gálatas 3:28)”, assim como em temas como homossexualidade, observando que “também a eles a indiminuível imagem de Deus é concedida”, e finalmente, lembrou o papel dos leigos, insistindo que “cada ser humano batizado cristão é chamado à responsabilidade na Igreja de Cristo, como o nosso convite à Ceia do Senhor, porque o próprio Cristo convida todos os batizados à partilha de pão e vinho”.

Ao que parece, o diálogo ecumênico tem se tornado tenso – mesmo entre alemães - não tanto por razões doutrinais, como seria de esperar. Mas se tem esperado outras razões, mais pastorais. Fugir ao diálogo com a modernidade não capacita as igrejas cristãs ao testemunho neste tempo, com suas interpelações.

sábado, 12 de novembro de 2011

Qual o seu nome? Quantos anos você tem? – Capitães de Areia discute a criança de rua

Antonio Carlos Ribeiro

A infância abandonada volta à telona em Capitães de Areia, (drama, 96 min., direção de Cecília Amado e trilha sonora de Carlinhos Brown), filme homônimo da obra que Jorge Amado escreveu no fim dos anos 30, aos 24 anos. A narrativa que trata de crianças abandonadas das ruas de Salvador, com seu cotidiano difícil e solidário, provoca a reflexão sobre a situação de crianças que vivem nas ruas, agravada em nossos dias, aos 75 anos desde o tema foi tratado na literatura brasileira.


Os dramas se multiplicam pelo número de crianças em situação de risco – sendo na verdade apenas um - se agravaram ao extremo neste quase um século. As ruas seguem sendo o espaço que não dá a segurança da casa, não exige a disciplina mínima para a convivência, a manutenção dos vínculos e a coesão do grupo. Nas situações-limite ganha a aura de liberdade, ausência de regras e superação de inibições, sempre ao preço da insegurança, dos riscos resultantes dos furtos em nome da sobrevivência e da exposição aos riscos físicos e emocionais, alguns extremos, vejam: http://www.youtube.com/watch?v=JGqlIu0IxIo

O filme narra a luta de crianças de rua do grupo conhecido como Capitães de Areia, liderado por Pedro Bala (Jean Luis Amorim), líder do grupo, cujo nome tem desde os 5 anos quando começou a vagabundear pelas ruas de Salvador, da qual conhece todos os becos e acessos. Conquistou a fama porque tem autoridade no olhar e na voz, sobretudo porque se arrisca, com toda a falta de condições, pelo grupo do qual é parte.

A Dora (Ana Graciela) é a única menina do grupo, que chega ao trapiche aos 14 anos, depois de perder a mãe para a epidemia de varíola e vagar pelas ruas com o irmão Zé Fuinha. No grupo ela se encontrou no papel de mãe e irmã de todos os meninos, e ‘noiva’ de Pedro Bala, a quem admirou logo após ser trazida.

O Professor (Robério Lima), que traz a Dora e Zé Fuinha ao grupo, é o intelectual do grupo – sabe ler, desenhar, é bom estrategista – razões pelas quais se tornou o braço direito de Pedro Bala. Toma conta do trapiche na ausência do chefe e se comporta como irmão mais velho, que pondera, orienta e chama à razão os demais componentes.

A partir destes três personagens, surge um que se aproxima de uma prostituta e se destaca pela esperteza, outro é brincalhão e falante, outro mistura solidão, ressentimento e destempero por causa da fragilidade nas pernas, e outros circundam esse micro universo marcado pelos muitos furtos nas ruas e uma ética de respeito no trapiche, tendo como pano de fundo a luta pela sobrevivência.

A gíria, o palavreado de quem vive num universo de limites frágeis, a malícia das ruas, a exposição a todo tipo de riscos, inclusive a doença, compõem o ambiente do grupo que dá nome ao conto. O Candomblé é o pano de fundo religioso, espaço que pede a proteção dos orixás e dá proteção e apoio ao grupo, dos quais alguns participam nos instrumentos. Há também o grupo rival, a elite comercial baiana e a polícia, já com fama de violenta, impiedosa e braço repressor do sistema que a mantém.

A obra dirigida por Cecília Amado consegue ser fiel ao enredo do avô, só rompendo suavemente com a historicidade ao destacar certa malandragem singela, quase romântica daquela época e lugar, sem deixar de mostrar a atualidade do tema e a mesma indiferença da sociedade, que consegue atravessar incólume tantas décadas, especialmente as que experimentaram tantas transformações, sem mudanças muito significativas no tratamento com as crianças de rua.

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) – de quem teve apoio fundamental na composição do elenco, na logística do projeto e até na execução – são alcançadas pela transposição da obra literária para o cinema sob ameaças e acusações da mídia elitista, em nada interessada nos avanços da sociedade, nem nos personagens populares, nem nas histórias de superação, mantendo a mesma apatia gelada a temas antológicos, históricos, politicamente emergentes e atuais na sociedade brasileira.

Na atualidade, apesar do trabalho social desenvolvido nos últimos governos, sob uma saraivada de críticas da elite com menos tradição intelectual, mais endinheirada e acostumada a lucrar os recursos públicos e socializar prejuízos, que se sente legítima ao se apropriar das benesses e, de poucos anos para cá, ressentida por não poder mais tomar o Estado de assalto, não decidir pelo ‘melhor’ por julgar possuí-lo e ser despojada da aura de benemerência, marcas de seu mecenato que a sociedade decidiu substituir por direitos de cidadania.

O esforço para destruir o serviço prestado, socialmente dirigido e com resultados já palpáveis – mormente quando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) recentemente divulgado foi criticado do Governo Federal aos Institutos especializados – começou a tomar forma na derrubada de ministros, em atitude revanchista contra a presidente que tentaram impedir a eleição. Mas já perceberam o efeito da pressão midiática acabou. O trabalho das ONGs vai permanecer, bem como as políticas afirmativas, para que os capitães de areia da atualidade tenham as chances que os de Jorge Amado não puderam conhecer.

Assim, quando tiverem contato com as crianças de rua, pediu Cecília Amado no debate com professores após a exibição no cine Arteplex Botafogo, que decidam se darão dinheiro ou não, mas não deixem de indagar à criança: Qual o seu nome? Quantos anos você tem? , porque isso lhes restitui dignidade e cidadania.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Curso Religião e Patrimônio encerra com painel

Antonio Carlos Ribeiro

O curso de extensão Religião e Patrimônio, promovido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), debateu a presença religiosa no Estado e o patrimônio artístico cultural legado. O evento, realizado onte, foi coordenado pela professora Clara Mafra.


Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro

Realizado em três encontros, o curso reuniu líderes religiosos, teólogos, sociólogos, historiadores, museólogos e arquitetos. O objetivo era recuperar a história da presença, tornar público o levantamento do patrimônio artístico e cultural das tradições religiosas e fazer o mapeamento de roteiros turístico-religiosos no Grande Rio.

O museólogo Rafael Azevedo, do Instituto Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC), falou sobre o Santuário Mariano do século XVIII. Ele doou ao programa de pesquisa o décimo tomo da obra de Frei Agostinho – específica sobre esta cidade, os relatos de monsenhor Pizarro, padre visitador das 34 freguesias da Diocese do Rio de Janeiro - a segunda brasileira - com levantamento de três mil objetos e 12 querubins de igreja catalogados.

Os dados estão catalogados no Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro (PRODERJ) e pode ser acessado pelo sítio http://www.artesacrafluminense.rj.gov.br/

O levantamento até 2009 cobre 63 cidades da região e contabiliza 100 objetos desaparecidos, que compõem o inventário dos bens procurados do acervo da sociedade fluminense. A publicação registra a metodologia usada, com destaque para o recorte temporal a partir de análises histórica, técnica e estilística do objeto. Entre as informações constam registro fotográfico, estado de conservação, análise estilística, iconográfica e ornamental, e datação.

O segundo depoimento foi da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, que se referiu ao Candomblé como uma religião da natureza, cuja história local está registrada na Casa Pai João Alabá, no centro da capital, e outra localizada em Mesquita, na Baixada Fluminense, que é a primeira casa de candomblé de roça.

As duas casas reúnem objetos religiosos, desde os que foram trazidos da África até os que foram acumulados nos últimos dois séculos. Essas casas são marco da cultura religiosa negra, têm um memorial de objetos sagrados e estão abertas à visitação, com programas de geração de renda e promoção de cidadania e direitos humanos, e integra a Rede de Religiões afro-brasileiras.

O padre Vanderson Gomes, formado em Imaginária Barroca e Política de Conservação, abordou o tema pela ótica do diálogo entre as comunidades religiosas e as autoridades do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O religioso propôs uma lógica inclusiva, que preserve o patrimônio e respeite a fé comunitária, expressa na devoção diária, resumindo a preocupação arquitetônica como a relutância de construir para o futuro que o faz reconstituir o passado.

O pastor Sérgio Goulart, da Catedral Metodista do Rio de Janeiro, falou do culto como memória e da liturgia como obra assumida em favor da comunidade. O pastor lembrou que sinal é a memória do Sagrado e mencionou momentos celebrativos na tradição evangélica, especialmente a metodista. Goulart descreveu a estrutura arquitetônica da Catedral e divulgou os serviços prestados à comunidade.

Por último, o designer gráfico Gabriel Cid falou do projeto Museu Afro Digital, descrevendo as salas de exposição e mostras, as vantagens da linguagem digital como a recuperação de imagens, a disponibilização de vários tipos de arquivo e a acessibilidade, suscitando o debate sobre tempo real, bem material e produção atraente às gerações jovens.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Waking up in the nightmare

Antonio Carlos Ribeiro

The film work of Florian Cassem (The Day I was not Born [Das lied in mir], Germany, 2010, 95min, drama) deals with debts of civilian and military dictatorships in Latin America. A dual theme, since there are several works on it - dating back to World War II, Nazism and the rise of the Western military alliance - but because this production still causes effects, seemingly has not yet exhausted the flow of pain, resentment and broken dreams, to the tens of thousands in South America. See: http://www.youtube.com/watch?v=LNEByTO9x2k


The subject recalls the longstanding "The official history" of an intellectual history teacher who wakes of the ingenuity to discover that her husband was a torturer and that her daughter 'adopted' is one of the granddaughters of the Madres de la Plaza de Mayo, kidnapped from militant’s families tortured and killed by the Argentine military dictatorship. The new ingredient is the affective memory of a child of 3 years - that supports the struggle of three decades living in another country, culture and language - which requires it to stop a long period of his life, to retrieve the three decades that have been stolen.

The film tells the story of a swimmer who lives in Germany, travels to Chile, during a stopover in Buenos Aires, hear a lullaby that makes a humming the phrases in a Spanish that she does not speak. She is moved, it loses the connection and located in Buenos Aires. She calls his father, who appears at the hotel two days later. This starts a process of revelations about the military dictatorship, the reasons for what have been brought to Germany in 80’s, climaxing to seek the family of the true parents.

Facts like the contact with the police, the involvement with a police officer, the revelation that his German family collaborated with the regime and the encounter with his biological family are steps that will reveal the complexity of the crime on the one hand, and on the other, the calm, patience and love needed to restore the truth, trying not to hurt someone who was wrong but acted in good faith. This requires greater sensitivity, courage and humanity to deconstruct the error without causing more harm.

The film is dense and the traffic of the argentinian capital and tense as the plot involving the stories of repression, especially when dealing with the wounds open of the strategy to kidnap the children of the oppositors to "purify" the country of communism’s influence. In fact, the second stage of a monumental crime of state to face a danger more imaginary than real, resulting from extreme repression in defense of the ideology of national security.

The fact that this movie is on display this time seems to integrate Latin American kairos - an eschatological-apocalyptic time when we face the pain of that time that we clean our recent past - waking up of a heady nightmare, which becomes more strong as far as consciousness begins to make full, calling us at once time become aware of what happened, find out what to do to rescue dignity, support the reconstruction of life, justice for victims, recovering the memory of the tortured, to confront the interests that caused so much suffering and death.

Three recent events lend importance to this theme: the difficulty of the debate over control of the financial elites of the mainstream media; the condemnation of Brazil by Inter-American Court of Human Rights (IACHR) after the Supreme Court upholding the law of amnesty and deny justice to victims of the dictatorship; the repatriation of the documents that were at the headquarters of the World Council of Churches (WCC) in Geneva (Switzerland), and the Center for Research Libraries in Chicago (USA); and the condemnation of military and civilian involved in the repression in Argentina, which produced the largest number of deaths on our continent.

For those not afraid of film about the real horror and has the courage to confront the truth and disposition, and love to resume life, be committed their time and to move on, I recommend watching.

domingo, 6 de novembro de 2011

Acordar no pesadelo

Antonio Carlos Ribeiro

A obra cinematográfica de Florian Cassem (O Dia em que não nasci[Das lied in mir]; Alemanha, 2010, 95min, drama) trata dos débitos das ditaduras civis e militares latino-americanas. Um tema dual, já que sobre ele existem diversas obras – remontando à segunda guerra, ao nazismo e ao surgimento da aliança militar ocidental – mas também porque essa produção ainda provoca efeitos, parecendo ainda não ter esgotado a caudal de dores, ressentimentos e sonhos interrompidos, às dezenas de milhares, na América do Sul. Veja

O assunto relembra o já antigo “A história oficial”, da culta professora de história que acorda da ingenuidade ao descobrir que o marido é torturador e que a filha ‘adotada’ é uma das netas das Madres de La Plaza de Mayo, sequestrada de famílias de militantes torturados e mortos da ditadura militar argentina. O ingrediente novo é a memória afetiva de uma criança de 3 anos – que suporta o embate com três décadas de vida em outro país, cultura e língua – que a obriga a interromper um longo período de sua vida, para recuperar as três décadas que lhe foram roubadas.


O filme narra a história de uma nadadora que vive na Alemanha, viaja ao Chile e, durante a escala em Buenos Aires, ouve uma canção de ninar que a faz cantarolar as frases num espanhol que ela não fala. Ela se emociona, perde a conexão e fica em Buenos Aires. Telefona para o pai, que aparece no hotel dois dias depois. Isso inicia um processo de revelações sobre a ditadura militar, as razões de ter sido levada à Alemanha nos anos 80, chegando ao clímax de procurar a família dos verdadeiros pais.

Fatos como o contato com a polícia, o envolvimento com um policial, a revelação de que sua família alemã colaborou com o regime e o reecontro com sua família biológica são etapas que vão revelando a complexidade do crime, de um lado, e do outro, a calma, a paciência e o amor necessários ao restabelecimento da verdade, buscando não ferir quem errou mas agiu de boa fé. Isso exige maior sensibilidade, coragem e humanidade para desconstruir o erro sem causar mais mal.

O filme é denso como o trânsito da capital argentina e tenso como os enredos que envolvem as histórias da repressão, sobretudo ao mexer na ferida aberta da estratégia de sequestrar filhos de opositores do regime para “purificar” o país da influência do comunismo. Na verdade, a segunda etapa de um monumental crime de Estado para enfrentar um perigo mais imaginário que real, resultante da repressão extrema em defesa da ideologia da segurança nacional.

O fato desse filme estar em cartaz nesta época parece integrar esse kairós latino-americano – um tempo escatológico-apocalíptico em que nos defrontamos com as dores desse tempo em que passamos a limpo nosso passado recente – acordando de um inebriante pesadelo, que se torna mais forte tanto quanto a consciência começa a se plenificar, nos fazendo a um só tempo, tomar consciência do ocorrido, descobrir o que fazer para resgatar dignidades, apoiar a reconstrução da vida, justiçar as vítimas, recuperar a memória dos torturados, e confrontar os interesses que provocaram tanto sofrimento e morte.

Três fatos recentes emprestam importância a este tema recorrente: a dificuldade do debate pelo controle das elites financeiras sobre a grande mídia; a condenação do Brasil pela Corte Inter-americana de Direitos Humanos (CIDH) após o Supremo Tribunal Federal manter a lei da anistia e negar a justiça às vítimas da ditadura; a repatriação dos documentos que estavam na sede do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça), e do Center for Research Libraries, em Chicago (EUA); e a condenação de militares e civis envolvidos na repressão argentina, que produziu o maior número de mortos em nosso continente.

Para quem não tem medo de filme sobre o terror real e tem coragem para se defrontar com verdade e disposição, e amor para retomar a vida, compromissar-se com seu tempo e seguir em frente, recomendo assistir.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Anistia Internacional convida Marcelo Freixo a deixar o país

ALC

O deputado estadual Marcelo Freixo, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do Rio de Janeiro, aceitou o convite da Anistia Internacional e vai deixar o país por causa das ameaças de morte sofridas.

Tradição de Defesa dos Direitos Humanos

A Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro divulgou nota dizendo que investigou a ameaça de morte. O parlamentar ironizou a divulgação, dizendo que o mesmo procedimento foi adotado em relação à juíza Patrícia Aciolli, morta a tiros, no dia 12 de agosto, quando se aproximava da entrada do condomínio onde residia, em Niterói.

Crítico do governo estadual e em especial do setor de Segurança, disse ter relações “republicanas” com o secretário José Mariano Beltrame, que lhe garantiu que todas as ameaças foram investigadas. Ele observou, ao mesmo tempo, que nunca recebeu nenhum resultado dessa investigação, que o secretário argumentou ser sigiloso.

A saída do deputado para o exterior por causa das ameaças, pelo fato de o Estado não ter assumido sua segurança e diante da morte da juíza por agentes públicos, ganhou destaque em jornais internacionais. O Fox News divulgou que as “ameaças da polícia corrupta que aterroriza as vizinhanças cariocas” é a principal causa da ida do parlamentar para a Europa, lembrando que as milícias são integradas por policiais, bombeiros e políticos, e atuam como grupos paramilitares.

Freixo entrega o relatório das Milícias à AI

A agência Reuters o descreveu como um conhecido deputado estadual pelo Rio de Janeiro que tem que abandonar seu país por causa de ameaças de um grupo paramilitar que ele foi responsável por investigar. O diário inglês The Guardian disse que ele é um ativista pelos direitos humanos, com trabalho em presídios e favelas, e foi ameaçado por uma milícia violenta e poderosa.

Freixo presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em 2008 e indiciou mais de 200 pessoas, entre policiais e políticos. Desde então, o deputado passou a sofrer ameaças. Ele se licenciou da Alerj, vai viajar com a família. “Vou aproveitar par divulgar esse relatório da CPI das milícias lá fora”, cutucou.

Representantes de diferentes partidos políticos e entidades fizeram um ato em defesa do deputado, depois que um documento da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar apontou que Freixo seria alvo de atentado. Segundo o documento, o miliciano conhecido como Carlão planejava o assassinato, pelo que receberia dinheiro de um ex-PM se executasse o deputado.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Desmond Tutu is Doctor Honoris Causa for PUCPR

ALC

The Anglican Archbishop Emeritus and Nobel Peace Prize winner Desmond Mpilo Tutu was awarded the title of Doctor Honoris Causa of the Pontifical Catholic University of Paraná (PUCPR). The ceremony occurred on the University Theatre on Friday (28), in recognition of their continuing struggle against poverty, prejudice and racism.


The ceremony was chaired by Prof. Ivo Juliatto Clement, president of the PUCPR, who remembered the relentless struggle of Tutu in the campaign to end apartheid and the promotion of reconciliation and democracy in South Africa "For all of us, Tutu leaves a message: we live in a world in which truth and freedom always prevail", he said.

Among the outstanding merit in the choice for the title, he is presented as a "global pilgrim to propagate spiritual values, human rights, nonviolence and tolerance, as well as their continuing struggle against poverty, prejudice and racism among all peoples the earth".

The president recalled his graduation ceremony at Columbia University (USA) in 1984, when Tutu was honored, but could not attend because he had been prohibited from leaving the South African, by government at the time. "I told myself that one day if I could, would do a tribute to this great man", said. The Archbishop greeted all present and invited authorities, thanked the memorial and spoke about his record of struggle.

Tutu was born in Klerksdorp, South Africa in 1931. He studied at the Normal School in Johannesburg and, in 1954 at the University of South Africa. He worked as a school teacher and was ordained priest in 1960. From 1967 to 1972, studied theology at King's College, London University. In 1975 he was appointed dean of St. Mary's Cathedral, in Johannesburg, and was consecrated a bishop in 1976, rising to head the diocese of Lesotho. In 1978 he became Secretary General of the Council of the Churches of South Africa

His proposal for the South African society included equal civil rights for all, abolition of laws that limited the movement of blacks, a common education system and end the forced deportation of blacks. After the end of apartheid in 1994, he chaired the Truth and Reconciliation Commission, aimed at promoting racial integration in South Africa, with powers to investigate, prosecute, and amnesty for human rights crimes committed under the system.

In 1997, released the final report of the Commission, which accused him of human rights violations so the authorities of the racist regime of South Africa as the organizations that fought against apartheid. At the same time he received the Nobel Peace Prize, was elected Archbishop of Johannesburg, and then of Cape Town. He received a doctorate honoris causa from major universities in the U.S., U.K. and Germany.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Desmond Tutu é Doutor Honoris Causa pela PUC-PR

ALC

O arcebispo anglicano emérito e Prêmio Nobel da Paz Desmond Mpilo Tutu recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). O fato ocorreu no teatro da Universidade, na sexta-feira, 28 de outubro, em reconhecimento à sua luta incessante contra a pobreza, o preconceito e o racismo.


A cerimônia foi presidida pelo professor Clemente Ivo Juliatto, reitor da instituição de ensino. Juliatto lembrou a incansável luta de Tutu na campanha pelo fim do apartheid e pela promoção da reconciliação e democracia na África do Sul. “Para todos nós, Tutu deixa uma mensagem: nós vivemos em um mundo em que a verdade e a liberdade sempre prevalecem”, disse.

Entre os méritos destacados na escolha para a titulação, ele é apresentado como um “peregrino global para propagar valores espirituais, os direitos humanos, a não violência e a tolerância, assim como sua luta incessante contra a pobreza, o preconceito e o racismo entre todos os povos da Terra”.

O reitor rememorou sua cerimônia de graduação na universidade de Columbia (EUA), em 1984, quando Tutu seria homenageado, mas não pôde comparecer porque havia sido impedido de sair da África do Sul pelo governo da época. “Disse para mim mesmo que um dia, se pudesse, faria uma homenagem a este grande homem”. O arcebispo anglicano cumprimentou as autoridades presentes e convidados, agradeceu a homenagem e falou sobre sua trajetória de luta.

Tutu nasceu em Klerksdorp, África do Sul, em 1931. Estudou na Escola Normal de Johannesburgo e, em 1954, na Universidade da África do Sul. Trabalhou como professor secundário e foi ordenado sacerdote em 1960. De 1967 a 1972, estudou Teologia no King´s College, da London University. Em 1975, foi nomeado decano da Catedral de Santa Maria, em Johannesburgo, e em 1976 foi sagrado bispo, passando a dirigir a diocese de Lesoto. Em 1978, tornou-se secretário-geral do Conselho das Igrejas da África do Sul.

Sua proposta para a sociedade sul-africana incluía direitos civis iguais para todos, abolição das leis que limitavam a circulação dos negros, um sistema educacional comum e o fim das deportações forçadas de negros. Após o fim do apartheid, em 1994, presidiu a comissão de Reconciliação e Verdade, destinada a promover a integração racial na África do Sul, com poderes para investigar, julgar e anistiar crimes contra os direitos humanos praticados na vigência do regime.

Em 1997, divulgou o relatório final da Comissão, que acusava de violação dos direitos humanos tanto as autoridades do regime racista sul-africano como as organizações que lutavam contra o apartheid. Na mesma época em que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, foi eleito arcebispo de Johannesburgo e, depois, da Cidade do Cabo. Recebeu o título de doutor honoris causa de importantes universidades dos EUA, do Reino Unido e da Alemanha.

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