terça-feira, 26 de março de 2013

Dia-logar: transcender a palavra: Cresce a tiragem de livro sobre ‘diferença’, ‘prec...

Dia-logar: transcender a palavra: Cresce a tiragem de livro sobre ‘diferença’, ‘prec...: Antonio Carlos Ribeiro Rio de Janeiro – O livro Pretinho, meu boneco querido, de Maria Cristina Furtado, que debate temas como diferen...

Cresce a tiragem de livro sobre ‘diferença’, ‘preconceito’ e ‘intolerância’


Antonio Carlos Ribeiro

Rio de Janeiro – O livro Pretinho, meu boneco querido, de Maria Cristina Furtado, que debate temas como diferença, preconceito e intolerância, bateu a marca dos 100.000 exemplares vendidos. Livro didático, os principais compradores são o governo federal e escolas particulares.

Maria Cristina Furtado é Professora, Psicóloga e Teóloga, com mestrado em Teologia (PUC-Rio) e sua obra conta com a ilustração de Ellen Pestili, os arranjos musicais de Samuel Ribeiro, dirigidos a crianças de 7 a 9 anos e foi lançado pela Editora do Brasil em 1999, tendo outra edição em 2008. Na foto abaixo, ao ser apresentado a crianças do Colégio Faria Brito, em 2010.


A nova edição do livro infantil trouxe um CD com as músicas da história cantadas pelos personagens e a obra foi escolhida pela Fundação Nacional do livro Infantil e Juvenil do Brasil para participar da 46th Bologna Children’s Book Fair, na Itália, em 2009.

Selecionado para fazer parte do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), na categoria complementares, do governo federal brasileiro de 2013, a publicação teve 100.000 livros, para órgãos governamentais e escolas particulares, de outubro de 2012 a janeiro de 2013.

Além do mérito alcançado por Maria Cristina, outro aumenta a relevância da obra: aborda temas dos quais alguns autores fogem, como preconceito, intolerância, diferenças, ciúmes. Esse conjunto de situações tem levado autores de trabalhos acadêmicos a citarem a obra pelo duplo objetivo: tratar temas complexos e alcançar boa vendagem.

A esses motivos, a autora agrega razões, explicando que “com a entrada do livro no PNLD 2013 fiquei muito feliz, e depois quando soube que, de outubro de 2012 a janeiro de 2013 o livro havia vendido 100.000 exemplares, fiquei extremamente emocionada por ver que os professores e crianças estão aproveitando a mensagem de respeito, tolerância e amor que traz esta história”.

Esclarece ainda que ‘Pretinho, meu boneco querido’ é um “livro que recebeu um tratamento muito especial do editorial da Brasil. Além disso, tive a felicidade de contar com a ajuda da historiadora Cristiane Furtado, que me ajudou a pesquisar sobre a escravidão no Brasil”, que com a delicadeza dos arranjos e das ilustrações parecem dar vida aos bonecos, agregou.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Dia-logar: transcender a palavra: Polícia Militar expulsa índios do ‘Museu do Índio’...

Dia-logar: transcender a palavra: Polícia Militar expulsa índios do ‘Museu do Índio’...: Antonio Carlos Ribeiro Rio de Janeiro – A tropa de choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro cercou o Museu do Índio para expulsar os í...

Polícia Militar expulsa índios do ‘Museu do Índio’


Antonio Carlos Ribeiro

Rio de Janeiro – A tropa de choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro cercou o Museu do Índio para expulsar os índios. O Deputado Estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), tentou negociar a saída pacífica. Duas pistas da avenida Radial Oeste, Zona Norte do Rio, ficaram interditadas por mais de um hora. Mas a ordem insana resultou em violência.

Índios e manifestantes quase tiveram confronto com policiais do Batalhão de Choque da PM por volta das 9 horas, em frente ao prédio. O advogado dos índios, Aarão da Providência, quis falar com os clientes mas foi impedido pela PM. Manifestantes foram ajudar os índios, mas policiais os atacaram com gás de pimenta, jogaram o advogado no chão, pisaram em sua cabeça, o levaram preso e o soltaram após 20 minutos, para atuar como interlocutor.


Várias pessoas tentavam furar o bloqueio policial para entrar na Aldeia Maracanã. O caso mais chocante foi de uma mulher grávida contida, com excesso de força, e presa. O uso do spray de pimenta já tinha ferido uma criança indígena de quatro anos, que sofria os efeitos do gás sem atendimento médico, impedido por causa do bloqueio, reproduzindo ações de terror do exército israelense contra os palestinos.

O deputado Freixo afirmou pela manhã que “os índios seriam levados de ônibus para verificar o novo terreno destinado a eles, em Jacarepaguá. De acordo com o deputado, a proposta do governo já está sendo redigida por oficiais de justiça”. E defendeu que "a medida judicial não precisa ser cumprida de forma truculenta, o acordo é para que todos saiam ilesos e que a decisão seja cumprida com toda a dignidade que eles merecem", disse.

A impaciência do governador Sérgio Cabral, que aciona a tropa de choque com frequência, se deve ao fato do governo do Estado ter perdido a causa na Justiça e o imóvel não poder abrigar uma área de circulação de torcedores nos jogos da Copa do Mundo. Quando a FIFA anunciou que não tinha solicitado esta obra e nem apoiou a desapropriação do imóvel, a Justiça a proibiu. Sem a visibilidade pretendida e a autoridade contestada, vem a fúria.

Ao defender que o imóvel volte a abrigar um Museu do Índio, o deputado Freixo expõe interesses escusos do executivo, levando Cabral a usar a tropa na intervenção violenta. O deputado estadual Geraldo Pudim (PR-RJ), também ajudou nas negociações, confirmou que o acordo já foi firmado, mas a ordem fez explodir a violência.

A advogada Ana Amélia Melo Franco apresentou mandado de segurança impedindo a ação governamental contra os índios, impetrado no 24º Juizado Especial Civel da Barra da Tijuca. O desembargador Mario Robert Mannheimer concedeu a liminar, impedindo o despejo dos índios. Ela argumentou que a ação popular tinha 280 assinaturas, que a medida do governo estadual era irregular e, a documentação do imóvel, obscura.

Com homens do Batalhão de Choque cercando o imóvel desde a madrugada – conflagração que as Forças Armadas não enfrentam com países vizinhos há um século e meio – o risco da invasão passou a ser iminente. No imóvel ocupado por índios de diversas etnias desde 2006, após a derrota na Justiça, Cabral decidiu construir um museu olímpico. Sem ouvir o povo fluminense. A frustração das guerras políticas perdidas viraram decisão insana.

Os policiais derrubaram o portão trancado por barricadas, agindo com truculência – que na decisão do governador é verbal, mas se transforma em letal na ação da tropa de elite – contra cerca de 50 pessoas, incluindo crianças, que defendem os direitos já reconhecidos pela Justiça, mas não admitidos pelo Executivo.

O indígena Afonso Apurinã disse que "os índios estão no muro da aldeia negociando com representes da Alerj, do governo do Estado e policiais. O que eles querem é que um índio saia em paz e vá negociar com o governador Sérgio Cabral", disse. O índio mencionado está no museu desde o início da ocupação, em 2006.

Os confrontos iniciaram de madrugada, quando manifestantes e simpatizantes da população indígena bloquearam a pista da Radial Oeste. A PM reagiu com bombas de efeito moral e gás de pimenta, e prendeu duas pessoas. Desde essa hora duas faixas da pista foram ocupadas por carros da polícia, implicando nas retenções do trânsito ao longo da via, na altura do casarão.

Governo com muitos conflitos – incluído com o Corpo de Bombeiros do Estado, em greve por causa do salário de R$ 850 – e pouca confiabilidade, manda um secretário oferecer três locais para alojar os índios, até ser construído o Centro de Referência da Cultura Indígena, na Quinta da Boa Vista. Mas, sem garantias de Cabral, os índios rejeitaram. Não sobrou opção, senão a insanidade que impossibilita o adiamento da barbárie.

Assim, “além da violência na desocupação, tem uma questão simbólica, tem a questão do patrimônio histórico-museológico do Rio, tem a questão do índio como sub-cidadão, tem a horrenda dramaturgia urbana da copa”, opinou o jornalista Augusto Franke Bier, diretor do Museu da Comunicação Hypólito José da Costa, de Porto Alegre. As imagens mostradas na televisão sofrerão cortes da estética ideológica.

Opções distintas em momentos diferentes, o jornalista Sérgio Cabral, cuja imagem fica conturbada pela ação do filho, fez outra escolha ao lutar contra a ditadura, sobretudo seus métodos, sem ameaças ao funcionalismo, nem alianças espúrias com grandes empresários, inclusive preservando monumentos como o Castelinho do Flamengo, de sua fúria insana.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia-logar: transcender a palavra: E agora, Feliciano?

Dia-logar: transcender a palavra: E agora, Feliciano?: Antonio Carlos Ribeiro A primeira reunião da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, presidida por Marco...

E agora, Feliciano?


Antonio Carlos Ribeiro

A primeira reunião da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, dia 13, presidida por Marco Feliciano (PSC-SP), foi o desastre previsível. Houve protestos de parlamentares como Luiza Erundina, Nilmário Miranda, Ivan Valente e outros deputados do PT e PSOL, se recusando a ‘emprestar’ a credibilidade de sua presença.

Manifestantes e defensores de Direitos Humanos, incluídos os homossexuais e os negros, reclamando a perda do direito à voz, à pauta e à intervenção assegurada. O presidente estava cercado de pastores pentecostais, que atuam como assessores sem o serem, dos indispensáveis ‘seguranças’ e do deputado Jair Bolsonaro.


Esta última figura – ou seria uma ‘eminência parda’?, como os militares se referiam a teólogos assessores de movimentos populares na ditadura – é o parlamentar que já vestiu verde oliva – do uniforme de campanha ao pijama – seguido dos ternos, se adaptando ao partido de tons pasteis, traço conservador e gente de indefinições muitas.

O clima estava tenso, já que as regras da própria composição foram mudadas, com cinco lugares e três suplências de apenas um partido, gerando muita gritaria por espaço, inclusive do militar truculento e sem falo, que só pode torturar com palavras – um exagero – já que só com poucas leituras, surge a impotência e uma opção: a inexpressão.

Marco Feliciano estava impassível, mesmo sendo interrompido pelos gritos de ordem dos manifestantes, contrários à sua permanência na presidência da comissão. Ameaçou retirá-los do plenário, sem obter atenção. Não se sabe se pela pancadaria ideológica a que foi exposto ou se pela submissão voluntária, consciente do partido que tem.

O que mais ofende é a falta de argumentos, traquejo e a experiência para lidar com a dor humana. Mercador de curas ao custo de achaques, o olho está mais treinado para o valor a amealhar do que para os dilemas reais das pessoas. E se as imagens não permitirem a negação dos fatos, dirá que era ‘brincadeira’, mesmo no templo.

Nestas horas, a palavra do deputado Nilmário Miranda (PT-MG), ex-presidente da comissão, seguida da fala dos deputados Érika Kokay (DF) e Domingos Dutra (MA), ofendem pela ilegitimidade. É preciso disfarçar a falta de autoridade – mais complexo que deixar de ‘alisar o cabelo ou fazer as sobrancelhas’ – por exigência da eminência verde-oliva ou dos pastores de muitos anos e pouca teologia, diante da oportunidade imperdível.

Diante da absoluta confusão – fugindo ao pleonasmo – até os deputados da bancada evangélica sugeriram a suspensão dos trabalhos, por óbvio. Mas ele não podia atender, evitando atribuir legitimidade à oposição. Até porque diferente da oposição ao Governo Federal, tornada situação pelos próprios erros, essa oposição tem o poder, mas não tem propostas, nem credibilidade e nem apoio de alguém respeitado.

Saíram os manifestantes e suas causas, sobraram os parlamentares de um só partido, requerimentos aprovados em votação simbólica, sem debate, e sequer uma audiência pública marcada. Ficaram a inexpressão, os ‘descendentes amaldiçoados’ e os olhares vagos, vendo escorrer o substancioso sentido da CDHM.

Do que ficou, resta apenas o que Carlos Drummond de Andrade registrou no poema José:

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

segunda-feira, 11 de março de 2013

Caso Marco Feliciano: hostilizações e ‘munição vencida’ na resistência


Antonio Carlos Ribeiro

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que é pastor da Assembleia de Deus, tem sido alvo de hostilizações, até em frente à sua própria comunidade, além das manifestações contra sua eleição para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, realizadas em sete cidades neste sábado, incluída Rolândia (SP), sua base política.

A reação do pastor-deputado parece ser organizar ‘desagravos’ à sua eleição. Não há nem mesmo uma defesa de sua proposta, jamais enunciada. O mote usado em sua defesa é a união de evangélicos e católicos em torno das causas que chamou de “batalha contra a família brasileira”.


A derrota que parece avizinhar-se, começa quando o também cantor de música gospel usa uma estratégia que se afasta irreversivelmente do debate político e público e o leva para a ‘seara’ das igrejas, parecendo algo como uma boia em alto mar e em meio à tempestade.

A proposta inclui reunir líderes religiosos conservadores – especialmente evangélicos - para discutir o futuro das igrejas diante da crise que, ao que parece, ele sequer consegue dimensionar. Se a escatologia (coisas futuras) das Igrejas não cabe no debate sobre minorias discriminadas em nossa história, os equívocos começam no debate das políticas públicas para direitos humanos, da CDHM, até a estratégia fundamentalista para a conquista da sociedade.

Dos debates em torno dos temas da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, especialmente sobre esforço e avanços dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais (DHESCAs), o pastor recém-chegado ao Parlamento aparenta não ter qualquer qualificação intelectual – esvaziando o debate nos termos propostos – sequer para entender os diversos aspectos da Comissão que pretende presidir.

Esta constatação elementar surge da maneira como o processo foi encaminhado – de uma estratégia política aparelhista de ‘ocupar vagas’ na CDHM até a falta de interlocutores no Parlamento, nas entidades representativas de minorias – que adquiriram status de sujeito político muito recentemente, claramente colocado em risco no discurso do eleito, provocando reações furiosas, às quais sequer vocabulário político e jurídico ele tem para responder.

A estratégia de conclamar as igrejas evangélicas para apoiarem sua causa pessoal, ou anda pior, envolvê-las numa estratégia belicosa, polarizada e maniqueísta é o maior dos equívocos. A linguagem com expressões como “a maior de todas batalhas” (sic), “contra a família brasileira”, “bombardeada por mentiras”, “grupo de bandeira LGBT”, “dividir e destruir nossas igrejas e família”, retrocede aos outdoors de Silas Malafaia, pulverizados na campanha eleitoral.

O arsenal de linguagem dos anos 50 foi reciclado: “incomodando o reino das trevas", “igrejas diante desse grande embate”, “precisamos mostrar a nossa união” e “perseguições”. Isso significa apostar numa linguagem polarizada e, em última instância, sem solução para a superação do conflito religioso, que a sociedade busca há décadas.

O aproveitamento dessa tensão pela mídia implica em riscos cada vez mais perversos. Na guerra particular e quase desesperada que a mídia de elite trava contra o governo, sem expectativas de intervenção dos partidos de oposição – sem estratégias, nem perspectivas e nem chances eleitorais – até por conta dos avanços sociais, dos resultados políticos e econômicos, e do crescimento do governo popular com popularidade inédita.

Ao dizer que “que não está disposto a rever a escolha do pastor, apesar da pressão de setores da sociedade”, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tenta fugir do foco da mídia, minimiza os efeitos e fala pouco. Recém-chegado, ainda não tomou medidas e nem mostrou a que veio, e ainda teme ficar chamuscado, por isso faz uma defesa estritamente formal, sem esquecer da crise que ronda o legislativo.

Isso significa que o mar não é de almirante para ninguém, nesse imbróglio, relutando entre falta de opções diante do qual o golpismo da mídia, mesmo gasto é a única forma de alterar um quadro definido. Por isso, se o mundo religioso não tiver outra alternativa, ainda que essa desarticulada, sem análise e nem proposta, além de aparelhista, o parlamento fica à mercê do balanço das ondas.

Isso explica sua indefinição em relação ao tema, sua insegurança num tabuleiro legislativo de peças contadas e movimentos limitados, à medida que a bancada evangélica tem votos, eventualmente impotentes contra a opinião pública. Alves sabe que não adianta defender o direito de o PSC indicar o presidente da comissão, se ela não for representativa e politicamente representativa da sociedade.

Sabe ainda que a inteligência e a articulação política do deputado Jean Willys (PSOL-RJ), mesmo ausentes, esvaziam o debate, invisibilizam a CDHM e potencialmente ‘emasculam’ o legislativo num dos poucos temas em que tem chances de protagonismo político e social. O resto é rezar para que as igrejas evangélicas recuem ou paguem os preços do caos anunciado, com os quais elas perdem, sem que ninguém ganhe!


quinta-feira, 7 de março de 2013

Dia-logar: transcender a palavra: 'Colegas' – sonhos, coragem, amor e muito riso

Dia-logar: transcender a palavra: 'Colegas' – sonhos, coragem, amor e muito riso: Antonio Carlos Ribeiro Colegas (Dir. Marcelo Galvão, com Ariel Goldenberg, Rita Pokk, Breno Viola e Lima Duarte. Comédia , Brasil, 201...

'Colegas' – sonhos, coragem, amor e muito riso

Antonio Carlos Ribeiro

Colegas (Dir. Marcelo Galvão, com Ariel Goldenberg, Rita Pokk, Breno Viola e Lima Duarte. Comédia , Brasil, 2012) é um filme especial. Tocante, bem-humorado, com belas paisagens e cenas inusitadas. Mas tem um pré-requisito fundamental: exige dose extra de sensibilidade, daquele tipo que nos torna humanos, básicos, genéricos, sem afetações, que usa a linguagem esconder, mentir ou humilhar.


Trata-se de uma comédia que conta a história de três jovens com síndrome de Down que vivem num Instituto, decidem dar novo rumo a suas vidas. Fogem num Karmann-Ghia, um carro esportivo italiano muito conhecido nos anos 60 e 70, tomado emprestado do jardineiro. Saem do interior de São Paulo e chegam a Buenos Aires.

O roteiro segue Thelma & Louise, de Ridley Scott, tendo paisagens brasileiras como pano de fundo. Cada um tem um sonho e Colegas é a luta para realizá-los. Stalone (Ariel) quer ver o mar. Marcio (Breno Viola) insiste na ideia de voar. E Aninha (Rita Pokk) deseja encontrar um marido que seja cantor. O enredo, movido a ousadia e lances de risco e sorte, é uma aventura baseada nas coisas simples da vida.

De cidade em cidade, cruzando com personagens cotidianos, enquanto atravessa os estados do sul e chega à Argentina. Antes do filme chegar às telonas, conseguiu uma vitória significativa na internet. Amigos de Ariel Goldenberg produziram o vídeo ‘#vemseanpenn’, documentando a vontade do ator de trazer o astro Sean Penn para assistir a estreia. Os atores Juliana Paes, Lima Duarte, Caio Castro e Gabriela Duarte apoiaram a campanha, junto com outros artistas brasileiros, recebendo 1 milhão e meio de acessos no YouTube.

O filme ganhou cinco kikitos no Festival de Gramado de 2012, inclusive o de melhor filme, e recebeu premiação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, entre outros. Ademais foi exibido e aplaudido nos festivais de Trieste (Itália), Moscou (Rússia) e Utah (EUA).

Além dos protagonistas, o elenco contou com Lima Duarte, Leonardo Miggiorin, Marco Luque, Juliana Didone, Christiano Cochrane, Daniele Valente, Otavio Mesquita, Germano Pereira, Nill Marcodes, Thogun e mais de 60 jovens com síndrome de Down. O desprezo do colunista da Folha de S. Paulo, retomando diversos ‘momentos’ da cinematografia mundial, que foram responsáveis por muita risada, revelou não ter percebido o esforço de superação, o desempenho dos atores, a linguagem hilária, sem perceber o ‘mote’ do filme e perdendo a capacidade de participar da alegria

E, sem isso, caímos na insensibilidade que ofende, no desacato sofisticado e suave (soft), no ataque do qual não podemos ser acusados, cujas consequências se estendem na memória dos sujeitos históricos aos quais não atribuímos valor. Como um editor da TV Globo que anunciou a morte do presidente Chávez com um sorriso irônico, enquanto as ruas de Caracas se transformavam num imenso mar vermelho. Incólume à última década.

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