Antonio Carlos Ribeiro
O curso de extensão Religião e Patrimônio, promovido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), debateu a presença religiosa no Estado e o patrimônio artístico cultural legado. O evento, realizado onte, foi coordenado pela professora Clara Mafra.
O curso de extensão Religião e Patrimônio, promovido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), debateu a presença religiosa no Estado e o patrimônio artístico cultural legado. O evento, realizado onte, foi coordenado pela professora Clara Mafra.
Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro
Realizado em três encontros, o curso reuniu líderes religiosos, teólogos, sociólogos, historiadores, museólogos e arquitetos. O objetivo era recuperar a história da presença, tornar público o levantamento do patrimônio artístico e cultural das tradições religiosas e fazer o mapeamento de roteiros turístico-religiosos no Grande Rio.
O museólogo Rafael Azevedo, do Instituto Estadual de Patrimônio Artístico e Cultural (INEPAC), falou sobre o Santuário Mariano do século XVIII. Ele doou ao programa de pesquisa o décimo tomo da obra de Frei Agostinho – específica sobre esta cidade, os relatos de monsenhor Pizarro, padre visitador das 34 freguesias da Diocese do Rio de Janeiro - a segunda brasileira - com levantamento de três mil objetos e 12 querubins de igreja catalogados.
Os dados estão catalogados no Centro de Processamento de Dados do Estado do Rio de Janeiro (PRODERJ) e pode ser acessado pelo sítio http://www.artesacrafluminense.rj.gov.br/
O levantamento até 2009 cobre 63 cidades da região e contabiliza 100 objetos desaparecidos, que compõem o inventário dos bens procurados do acervo da sociedade fluminense. A publicação registra a metodologia usada, com destaque para o recorte temporal a partir de análises histórica, técnica e estilística do objeto. Entre as informações constam registro fotográfico, estado de conservação, análise estilística, iconográfica e ornamental, e datação.
O segundo depoimento foi da ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, que se referiu ao Candomblé como uma religião da natureza, cuja história local está registrada na Casa Pai João Alabá, no centro da capital, e outra localizada em Mesquita, na Baixada Fluminense, que é a primeira casa de candomblé de roça.
As duas casas reúnem objetos religiosos, desde os que foram trazidos da África até os que foram acumulados nos últimos dois séculos. Essas casas são marco da cultura religiosa negra, têm um memorial de objetos sagrados e estão abertas à visitação, com programas de geração de renda e promoção de cidadania e direitos humanos, e integra a Rede de Religiões afro-brasileiras.
O padre Vanderson Gomes, formado em Imaginária Barroca e Política de Conservação, abordou o tema pela ótica do diálogo entre as comunidades religiosas e as autoridades do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O religioso propôs uma lógica inclusiva, que preserve o patrimônio e respeite a fé comunitária, expressa na devoção diária, resumindo a preocupação arquitetônica como a relutância de construir para o futuro que o faz reconstituir o passado.
O pastor Sérgio Goulart, da Catedral Metodista do Rio de Janeiro, falou do culto como memória e da liturgia como obra assumida em favor da comunidade. O pastor lembrou que sinal é a memória do Sagrado e mencionou momentos celebrativos na tradição evangélica, especialmente a metodista. Goulart descreveu a estrutura arquitetônica da Catedral e divulgou os serviços prestados à comunidade.
Por último, o designer gráfico Gabriel Cid falou do projeto Museu Afro Digital, descrevendo as salas de exposição e mostras, as vantagens da linguagem digital como a recuperação de imagens, a disponibilização de vários tipos de arquivo e a acessibilidade, suscitando o debate sobre tempo real, bem material e produção atraente às gerações jovens.
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