quarta-feira, 20 de junho de 2012

Hotel exótico, filme romântico-hilário


Antonio Carlos Ribeiro

Os filmes que mais nos tocam mudam suas características de acordo com o tempo em que são produzidos. Um tempo de mudança de paradigmas, como o nosso, deixa sua ‘assinatura’ em obras como O exótico Hotel Marigold (direção: John Madden, com Judi Dench, Tom Wilkinson, Maggie Smith, Bill Night e Dev Patel), entre outros atores igualmente brilhantes.

A história começa sem muitas pretensões. Envolve um grupo de aposentados, que passaram por experiências como ficar viúvos, desejar outro momento na vida, buscar cura para doença, terminar o vínculo de trabalho e se defrontar com relacionamentos em crise terminal. Há quem lide com essas tensões de forma suave, quem não esconda a insatisfação, quem crie expectativa exagerada e até quem se sinta atormentado por erros do passado.




Trata-se dos aposentados Muriel (Maggie Smith), Douglas (Bill Nighy), Evelyn (Judi Dench), Graham (Tom Wilkinson) e outros três amigos que desejam sair da rotina dos últimos anos vividos, ou querem viver de forma diferente nos últimos anos de suas vidas, ou ainda desejam curtir sua aposentadoria em lugar diferente.


Do encontro destas expectativas e as possibilidades objetivas que lhes chegam pela publicidade, empolgam-se, animam-se – se enchem de alma – e chegam ao gesto arriscado de jogar suas vidas [e investir seu pouco dinheiro] na proposta da propaganda de um hotel descrito com muitos adjetivos, sem causas mais objetivas e nem propostas mais substantivas. Destino: a Índia.


Sem que tenham percebido antes, a própria viagem é o caminho para o ‘paraíso’, enquanto tropeçam nas pequenas desilusões, assim como a vida de pessoas cultas, inteligentes, elegantes, cuja personalidade perdeu esse glamour ao longo dos anos. Só que os pequenos choques chegam homeopaticamente, demonstrando crescentes desapontamentos com coisas que se apequenam a cada cena.


A Índia provoca encantamento pelo seu povo, seus costumes, sua indumentária, os meios de transporte, os hábitos familiares e cotidianos, e as cores. Com esse pano de fundo, chegam ao hotel, deparando-se com o exotismo do local, com imagens do recém-restaurado Hotel Marigold, e com a atuação entre improvisada e desastrada do jovem sonhador Sonny (Dev Patel).


Já em terras indianas, desperta a atenção o dia inteiro de viagem de ônibus, em condições precárias, os trejeitos esnobes dos ingleses de classe média, de muita cultura e certo padrão de costume, ao lado das limitações e os conflitos delas derivados, além do amor e outros sentimentos menores, aos quais ninguém está imune, nem os aposentados. E em nome dos quais se pode reencontrar o amor ou chegar à morte.


Detalhe comum a todas as situações é que nada era muito bem como parecia ser. Ao lado disso, surgem situações como a redescoberta do cotidiano, novas paixões após a ruptura da anterior, e até o reencontro de paixões antigas, em circunstâncias que o corpo não pode mais suportar.


A obra tem candura, esperteza, detalhes que fazem toda a diferença e, sobretudo, uma incrível sensibilidade para lidar com o cotidiano. E descobrir o belo, em meio às rotinas, e nas novas rotinas a serem criadas. Recomendo assistir. Vejam o trailer:


http://www.adorocinema.com/filmes/filme-186338/trailer-19285478/

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