quinta-feira, 21 de junho de 2012

Diálogo Boff e Altmann: a Rio+20 na verdade é Rio-20

Antonio Carlos Ribeiro

Rio de Janeiro – Os avanços da Rio 92 à Rio+20 foi o tema do diálogo entre os teólogos Walter Altmann, ex-presidente do Conselho Latino-americano de Igrejas e da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e moderador do Conselho Mundial de Igrejas, e Leonardo Boff, escritor, professor, conferencista e respeitado pela exposição da Teologia da Libertação, da defesa de causas sociais e questões ambientais.
 

 Altmann começou lembrando que em 1992 havia uma sintonia maior com a população e que neste ano há um pequeno aspecto positivo que é a luta da sociedade para a erradicação da pobreza. Disse que o relato bíblico do livro do Gênesis mostra Deus confiando ao homem o domínio da terra, observando como essa perspectiva serviu par justificar explorações, crimes e exageros de toda natureza ao longo dos séculos.

Com a chegada de Boff ao plenário, coube-lhe explanar o tema Justiça, paz e preservação do criado. Ele chamou a atenção dos líderes dos países para a necessidade de dar passos. “Não avançar é retroceder. De 1992 a 2012 nada melhorou na questão do meio ambiente, disseram 1.300 cientistas”, lembrando ainda que “dos 24 itens que sustentam a vida na terra, 15 estão em alto grau de degeneração”, denunciou.

Disse que espécie é a mais temida do planeta. “Aonde chegamos metemos medo, fazemos fugir as demais espécies. Onde domina o pensamento econômico e as forças globalizantes, cresce a pobreza, a exploração e a fome”. Lembra que os cientistas afirmam que as culturas se juntaram num complô contra a terra, arrasando tudo, explorando até os últimos limites, criando o princípio da autodestruição. E apelou: “Precisamos querer viver”. Isso é fundamental na Terra, com seus 4 trilhões de anos, na qual há vida há 3,8 trilhões de anos e a presença humana nos últimos 9 milhões de anos.

Nesta Rio+20 há novas informações sobre clima, água, populações, mas há grande descolamento entre as comunidades política e científica, porque os políticos têm agido com “suma irresponsabilidade”. Isso implica que o filósofo Georg Friedrich Wilhelm Hegel tem razão ao dizer que “da história aprendemos que o ser humano não prende na história, mas do sofrimento!” Devemos aceitar que toda a comunidade de vida deve viver junto conosco.

Acusa o sistema de governo imperante de ser predador, eticamente injusto e pelo Evangelho, um pecado social que afeta a Deus. Insistiu que “alguns deuses do velho sistema custam a morrer e os novos deuses custam a nascer ou se desenvolver”. Uma injustiça é que “nós da América Latina estamos sendo recolonizados. Estamos exportando matéria e comprando produtos industrializados. Não devemos aceitar a recolonização”.

“Ainda hoje”, denunciou, “estamos desmatando 1.400 km2 /ano par plantar soja e vender como ração de porcos para a Europa. É preciso exigir mais cuidados dos que importam, recomendou. Em relação às populações do Parque Nacional do Xingu, diante das pressões para construir usinas hidrelétricas, disse que o país não aprendeu nada com as “pretensões faraônicas dos militares”.

Isso significa que ainda violamos pessoas, florestas e animais para realizar esses projetos. Ele lembrou ainda os rios da região não têm fluxo regular de água todas as estações. E disse apoiar o bispo d. Ervin Kräutler quando ele ‘amaldiçoa a obra, por causa das maldades feitas com a terra, as pessoas e os animais”.

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