domingo, 15 de julho de 2012

Histórias, café e afetividade

Antonio Carlos Ribeiro

O lançamento da 2ª edição de Ler e contar, contar e ler, de Francisco Gregório Filho, na Livraria Arlequim, no Paço Imperial, parece um encontro de amigos. O trinômio do título descreve o ocorrido. As pessoas se encontram, ouvem histórias, contam histórias, reelaboram sua própria história, comem e bebem, estabelecem trocas.


Gregório gosta de pessoas, de histórias e dos efeitos das histórias na vida das pessoas. É sua forma de intervir no mundo, interagir com os próximos e os circunstantes, e se encontrar consigo mesmo ao contar histórias. Por ser aquilo que faz. E ama fazer. Seu modo de trabalhar lembra o conceito de ‘ócio criativo’ do sociólogo italiano Domenico de Masi, quando o limite entre o trabalho e o prazer não está mais demarcado.

A livraria é vista por ele como um suporte para o leitor, por isso o acolhimento é importante. Chega a dizer que ‘ambiente’ e ‘ambiência’ são fundamentais para as pessoas se sentirem bem, especialmente os contadores de histórias. São diversos recursos como a recepção, a estrutura, os materiais, etc.

Ler e contar, contar e ler é composto de dois cadernos. O primeiro é uma coletânea das 10 melhores histórias e, o segundo, relatos da prática de contar histórias. Ao dizer isso, o autor admite que esse é um exercício intelectual e afetivo, juntos. E que seu compromisso é com os contadores. Que todo o tempo ele ‘respira’ contação de histórias e que já contam 22 anos que atua nessa atividade, apesar de sua formação ser em artes cênicas.

Concordou que o ponto de ligação entre artes cênicas e literatura é a linguagem, mas lembra que nesta, a que mais o inspirou foi a dramaturgia e que hoje se interessa muito pela linguagem do narrador. E o que mais lhe desperta a atenção é a complexidade das histórias humanas.

Sobre o que acontece nos encontros, ele diz palavras: “leitura, canto, contar, tomar café, comer bolo”, um evento rico de prazeres, destacando a bibliografia e o contato com professores. Acha que sua voz tem um “tom ancestral, lembra a ancestralidade”. E explica o público que enche a sala como resultante de um círculo de amigos e leitores. Funcionário da Biblioteca Nacional há 38 anos, entende essa atividade como um desdobramento de seu trabalho.

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