Antonio Carlos Ribeiro
A revista evangélica Ultimato afastou o Pastor Ricardo Gondim da coluna que ele assinava há 20 anos. Segundo suas palavras, “após quase vinte anos, fui convidado a ‘des-continuar’ minha coluna na revista Ultimato”. A razão foi seu posicionamento de apoio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que aprovou os direitos civis de pessoas com orientação homossexual.
“Nessa tarde, encerrou-se um relacionamento que, ao longo de todos esses anos, me estimulou a dividir o coração com os leitores desta boa revista. Cada texto que redigi nasceu de minhas entranhas apaixonadas”, escreveu o teólogo em seu blog (www.ricardogondim.com.br), ao se despedir da parte de seu público que lê esta publicação.
Ele se mostrou compreensivo com a Ultimato, através de seus editores, “por não se sentir confortável com a minha posição sobre os direitos civis dos homossexuais”, mas manteve a opinião de que o estado laico “não pode marginalizar, excluir ou distinguir como devassos, promíscuos ou pecadores, homens e mulheres que se declaram homoafetivos e buscam constituir relacionamentos estáveis”.
Admitiu que os tweets postados em seu site “deixam a ideia de que sou tempestivo e inconsequente no que comunico”, mas recusou-se a reagir à acusação de humanismo, “por causa da minha resposta à Carta Capital sobre a condição das igrejas na Europa”. Humilde, mas firme, pediu “perdão a todos os que me leram ao longo dos anos”.
“Quaisquer desvarios e irresponsabilidades que tenham brotado de minha pena não foram intencionais. Meu único desejo ao escrever, repito, foi enriquecer, exortar e desafiar possíveis leitores”, admitiu. “Um pedaço de minha história está amputada. Mas a própria Bíblia avisa que há tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou”, assumindo e mantendo a posição que julgou coerente com a postura evangélica.
A revista justifica sua decisão referindo-se ao PL 1151/95, da deputada Marta Suplicy, em 2009 reafirmou o repúdio à homofobia e disse não ao PLL 122. Agora critica a “volta à cena” do Projeto de Lei da Câmara (PLC 122), que criminaliza a “discriminação por gênero e orientação sexual, cuja relatora é a agora senadora Marta Suplicy, segue uma cartilha conhecida. Nada de novo, insistiu” (http://www.ultimato.com.br/ conteudo/de-novo-o-pl-122- nada-de-novo).
O diretor-redator, Elben César, acrescentou que a “prática homossexual é condenada pelas três religiões monoteístas do planeta: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo”. Reforçou que os “protestantes (este é o meu caso), enquanto estes se conservarem fiéis às Escrituras Sagradas, sua única regra de fé e prática, a conduta homossexual será considerada um desvio sexual. Mas à luz da mesma Bíblia, eu também não posso odiar o gay, a lésbica, o bissexual, o travesti e o transexual!” (http://www.ultimato.com.br/ conteudo/heterossexualidade- sem-homofobia-e- homossexualidade-sem- heterofobia)
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