terça-feira, 28 de agosto de 2012

Moradores de Santa Teresa pedem a volta do bonde

ALC

Moradores do bairro Santa Teresa deram continuidade, de 25 a 27 de agosto, aos atos e homenagens aos mortos do bondinho de Santa Teresa, que descarrilou há um ano, matando seis pessoas e ferindo outras 53.


O serviço está suspenso desde então. Moradores do bairro lamentam a atuação do secretário de Transporte do Estado, Júlio Lopes, e do governador Sérgio Cabral. A principal reivindicação da Associação dos Moradores e Amigos Santa Teresa (Amast) é a volta do meio de transporte, que funcionou bem durante 115 anos.

No domingo foi realizada uma missa na igreja católica do bairro. Em seguida houve um ato artístico de denúncia da má administração governamental. Os moradores levaram um protótipo do bonde à praia de Ipanema e à noite houve outro ato no Largo dos Guimarães, com manifestações artísticas.

Ontem completou um ano do acidente, quando foi inaugurada uma placa em homenagem às vítimas no Largo do Curvelo. A Amast encaminhou ao Ministério Público dossiê, semelhante ao já entregue ao Ministério Público Federal, contendo laudos de engenharia e provas documentais, pedindo o indiciamento do poder público e da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística por desleixo na manutenção dos bondes.

 “Todos esses líderes espirituais nos ajudaram muito quando ocorreu o acidente, não só nos dando conforto espiritual, mas também nos mantendo firmes na luta”, disse a moradora Nilce Azevedo, que ajudou a coletar as quase 15 mil assinaturas no documento levado ao governo estadual.

O movimento “O Bonde Que Queremos” mostra evidências que o governo trata o bairro com desprezo e o serviço do bonde com descaso, que já provocou o acidente, alegam os moradores. Santa Teresa tem sofrido pressão imobiliária, com a concessão de alvarás para casarões antigos como restaurantes e hotéis para os grandes eventos, denunciou o reverendo Luiz Caetano Grecco Teixeira, da Igreja Anglicana.

O morador Vicente Sábato, que mora no bairro há 64 anos e é um dos fundadores da Amast, confirma o descaso com a segurança do transporte. “Sempre procuraram impedir o bonde. A primeira virada do bonde foi em abril de 1981. A associação já reclamava providências. À época, a diretoria da Amast foi presa, junto com outros moradores e eu, que não estava na associação, mas era advogado dela”, lembrou.

Os moradores afirmam que o sistema funciona bem com o bonde aberto, transportando até 80 pessoas, e são contrários ao modelo posto em licitação em 2011, baseado em bondes portugueses, de 24 lugares, fechados e com maior velocidade. “O bonde é popular, está fazendo agora 116 anos e ele dá identidade cultural ao nosso bairro. Ele nos faz andar calmos, ter o privilégio de andar distantes do tumulto da cidade. Sem o bonde tudo se perde”, reclamou Nilce.

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