Antonio Carlos Ribeiro
Rio de Janeiro – O Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou nota no dia 20 de junho, assinada pelo diretor, Professor Marco Aurélio Santana, repudiando os “atos de violência que fizeram com que centenas de estudantes buscassem refúgio no interior de nossas dependências. Os relatos desses estudantes testemunham, em vivas cores, o que foi a ação das forças policiais e de outros indivíduos armados de paus e pedras, que os obrigaram a se proteger em nosso prédio”.
A publicação destaca que o IFCS é um “centro de excelência de nível internacional no ensino, pesquisa e extensão de filosofia, antropologia, ciência política e sociologia, de grande e reconhecida tradição na defesa intransigente dos princípios democráticos e da memória dos movimentos sociais os quais, deve se dizer, contribuíram decisivamente para os avanços políticos e sociais verificados ao longo de nossa história”.
Lembrou ainda o diretor que o IFCS “vem protestar contra a natureza arbitrária e ilegal pela qual se passou da suposta proteção do patrimônio público ao ataque indiscriminado a jovens manifestantes reunidos pacificamente nas ruas e imediações deste Instituto”, colocando em dúvida se a atitude dos policiais e indivíduos protegia a cidade ou era simples provocação de conflitos em busca do confronto.
Santana acusa frontalmente o governo estadual e a polícia militar pelo comportamento grotesco, e a tentativa inaceitável de negá-lo. “Deve ser motivo de preocupação para todos que o Estado venha a adotar uma postura agressiva e intolerante, tratando cidadãos como inimigos e perseguindo os pelas ruas, como foi observado e experimentado por muitos naquela longa e dura noite”, quando agentes do Estado se juntaram a arruaceiros com ‘paus e pedras’.
Além disso, surpreendeu-se ao ver forças policiais sob o comando do governador Sérgio Cabral agindo com tão brutal violência. Para o educador, causa ‘extrema preocupação o fato de que grupos organizados e orquestrados para exercer a violência física contra militantes de movimentos sociais e de partidos políticos legalmente constituídos tenham agido à larga como agentes da repressão, impedindo brutalmente o direito à livre manifestação’. E ridicularizou a 'geografia' da PM, por chegar ‘inclusive em locais muito distantes daquele que a mídia noticiou como principal foco dos conflitos’.
Mostrando-se grato com a ajuda do Deputado Estadual Marcelo Freixo que, com advogados da Comissão de Direitos Humanos da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), acompanharam estudantes a pontos de ônibus e estações do Metrô, garantindo-lhes a integridade, quando o órgão do Estado responsável por essa tarefa atuava com os agressores e provocadores de conflitos.
E por fim, agradeceu a todos que “compuseram uma verdadeira rede de solidariedade e apoio, no interior da UFRJ e na sociedade civil em geral, durante aqueles momentos em que foi preciso permanecer nas dependências do prédio, e aos que possibilitaram a saída dos acolhidos em segurança para o retorno aos seus lares”, enfatizou o diretor. Ele se ‘associamo-nos às vítimas dessa truculência e solidarizamo-nos com suas famílias’. E afirmou que, sempre que necessário ‘se buscará garantir, como naquela noite, a preservação e inviolabilidade do nosso patrimônio, bem como o acolhimento, a segurança e a integridade física daqueles que se manifestam por seus direitos’.
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