quarta-feira, 17 de abril de 2013

O batismo como entrada na comunidade da Salvação

Antonio Carlos Ribeiro

As crianças são parâmetro da salvação, depreendemos da leitura de Marcos 10.13-16. Apesar da sua invisibilidade para nós, em muitas situações da vida. Elas são as que melhor encarnam o espírito desses despossuídos de tudo, que possuem somente a esperança de esperar o Reino de Deus. Mas esta ação – tornar central o periférico – não é inusitada e nem nova em Jesus. Suas andanças e curas pela Galileia, que lhe valeram os epítetos de ‘galileu’ e ‘nazareno’, e que por si já deslocam o centro da reflexão para a periferia.

As crianças ganham notoriedade e importância ímpar quando vivem o momento do batismo, quando ganham importância, redescobrem seu lugar na vida familiar e se transformam na melhor metáfora para a salvação como dádiva a quem não tem como retribuir.

O batismo resgata a condição humana de quem é desde sempre amado. E esse amor é expresso no ato batismal, que traduz um sinal visível da invisível graça divina. Essa porta pela qual se adentra a comunidade de fé – Assim como a porta nos dá acesso ao santuário, assim a pia batismal deu acesso a cada um de nós à comunidade dos cristãos – nos integrando ao corpo, do qual a cabeça é o Cristo.


O próprio Lutero, em momentos de tribulação, encontrava ânimo e consolo no seu Batismo. A frase escrita sobre a sua escrivaninha, Baptizatus sum (sou batizado) o lembrava o ato gracioso de Deus. Sou dEle!

O reformador Martim Lutero registrou no Catecismo Menor que o Batismo é a ação fundamental de Deus sobre a pessoa humana: “Realiza o perdão dos pecados, livra da morte e do diabo, e dá a salvação eterna a todas as pessoas que crêem no que dizem as palavras e promessas de Deus”.

Numa prédica ele descreveu com palavras contundentes esse significado: ‘Batizar uma pessoa é como jogar um grão na terra, quando se planta; ele é sepultado, isto é, tem que morrer e nascer uma planta nova. Assim nós somos plantados no Batismo com o Senhor Jesus Cristo; entramos pelo Batismo e no Batismo na sua morte e túmulo e passamos pela morte para uma vida eterna’.

O Batismo efetivo “é a palavra de Deus unida à água e a fé que confia nesta palavra”. Portanto, é mau uso batizar uma criança sem ter a certeza de que ela vai crescer e viver na Comunidade cristã. Importa destacar que a Comunidade/Igreja que batiza crianças tem a obrigação de oferecer-lhes ensino cristão intensivo e qualificado. Devemos valorizar e priorizar o trabalho com crianças através do culto infantil, o ensino confirmatório e outras formas.

O que valoriza o Batismo é a palavra de Deus e a fé. A água é importante como sinal visível e sensível da ação de Deus na pessoa. Para administrar o Batismo, Deus usa a Comunidade e o seu ministério ordenado. Por isso, na IECLB os Batismos sempre acontecem em cultos regulares. É também o momento em que a Comunidade reunida em culto expressa a sua alegria e a gratidão diante de Deus, ao integrar mais um membro à sua Igreja.

Batismo é água que, “com a palavra de Deus”, é “água de vida, cheia de graça e um lavar de renascimento no Espírito Santo.” Todas as pessoas batizadas recebem o Espírito Santo, e ele age nelas pela pregação da palavra de Deus – o coração flamejante que aparece na Rosa de Lutero, o brasão da família - e pela administração dos sacramentos. Na combinação da água com a Palavra de Deus, em presença da comunidade que crê, que o batismo nos torna filhas/os de Deus.

Batismo é início de uma caminhada! Sabemos que nossa vontade de contrariar a Deus, não se deixa afogar facilmente nas águas do batismo. Por isso, o re-nascer, o surgir do novo ser humano em nós, vem sempre de uma busca permanente. Vida cristã não é outra coisa que diário batismo. Se mostra numa atitude de permanente penitência: um refletir diário sobre nossa vida a partir do Evangelho de Jesus Cristo e essa reflexão precisa caminhar para a prática.

Nosso temor é que nossos filhos se afastem da fé, se distanciem da família e se esqueçam de quem os amou desde o princípio. De nada vale nosso sofrimento. Nem é possível construir gaiolas douradas para prendê-los e mantê-los junto a nós. Como estão os espaços da nossa existência? Nossa casa é um lugar sempre aberto? , Lá se dá nova chance ao outro? A igreja é um lugar seguro, onde temos a capacidade de nos perdoar e retomar a vida? Se o jardim está bem cuidado, as borboletas sempre voltam!

Só assim, o batismo em nome do trino Deus, Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19-20), pode ser perpetuado na vida da nossa família.

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