Pedro Gabriel Weisheimer Ribeiro
Em nome da argumentação
Em nome dos pobres
Em nome da liberdade
Em nome da vida
Em nome da racionalidade
Em nome das pessoas
Em nome dos direitos humanos
Em nome das escolas federais que serão fechadas ou abandonadas pelo governo
Em nome do povo brasileiro que não tem condições de se manter sozinho, por falta de oportunidade de estudo
Em nome da educação
Em nome do orgulho nacional
Em nome da humilhação que o Brasil acaba de sofrer, com o mundo como testemunha
Em nome da nossa história
Em nome daqueles que sofreram pela liberdade
Em nome dos heróis que foram contra a corrupção do Cunha
Em nome daqueles que lutaram para que 2016 não seja um novo 1964
Em nome da economia
Em nome da nação
Em nome da moral
Em nome dos bons costumes
Em nome da HONRA, palavra que, há muito tempo, foi esquecida pelo povo
Em nome daqueles que não puderam falar, pois a fome lhes tirou a voz
Em nome daqueles que gritaram sem nunca terem sido ouvidos
Em nome daqueles que foram enterrados como indigentes, se é que foram enterrados
Em nome daqueles que nunca desistiram
Em nome da comunidade LGBT, que mesmo que eu não faça parte, defendo
Em nome dos oprimidos
Em nome de tudo que sempre acreditei
Em nome do que me foi ensinado, não apenas em casa, mas que aprendi também na escola, nos documentários e nos livros
Em nome daqueles que não mais lutarão, pois foram traídos pelo seu próprio povo
Em nome do Exagerado (Cazuza, para quem não souber) que expressou meus atuais sentimentos nas músicas "Brasil" e "Ideologia"
Em nome daqueles que foram condenados, tendo por único crime acreditar no futuro desta nação
Em nome daqueles que perceberam o que está acontecendo
Eu aqui digo: Não sou petista, sou BRASILEIRO;
O mundo está olhando para o Brasil e pensando "Por que prender alguém cujo único crime foi servir ao povo sem depender de corruptos?";
Não sou de esquerda, não sou de direita, sou de futuro, sou de avanço;
Não apoio esquerda, não apoio direita, apoio o Brasil;
Não consigo acreditar que o povo votou a favor de uma ideia proposta pelo Eduardo Cunha, que se a Dilma "fez merda", ele criou o conceito dessa palavra;
Não consigo crer que, muito provavelmente, perderei amizades apenas por ser contra o atraso do Brasil;
Não consigo crer que pessoas que não tinham nenhum argumento, apenas homenagens e invocações (dando grande ênfase a Jair Bolsonaro que invocou o nome de um assassino e torturador como "terror de Dilma") a familiares e outros políticos ligados à ditadura militar;
Não consigo crer que tanta gente foi influenciada pelo ovo que a ditadura militar deixou (a Rede Esgoto de Televisão, também conhecida como TV Globo);
Não consigo crer que estamos gestando o ovo de uma serpente;
Não consigo crer que nós clamamos por uma crise;
Faço minhas as palavras de Padmé Amidala, personagem da série de filmes Star Wars, que representou bem o Brasil, de que "Então é assim que a liberdade morre - com um estrondoso aplauso";
Recuso-me a crer que isso seja apenas burrice do povo;
Recuso-me a crer que isso seja algo legal;
Recuso-me a aceitar este golpe;
Recuso-me a acreditar que isto tenha acontecido;
Recuso-me a crer que isso levará o país adiante;
Recuso-me a crer que as pessoas realmente possam crer nisto;
Recuso-me a crer que isto não seja apenas um terrível pesadelo;
Recuso-me a crer que a ignorância do povo seja assim tão real;
Recuso-me a ficar calado;
E desafio a todos que são favoráveis a este golpe, a todos que concordam com as ideias de Jair Bolsonaro, a todos que clamam por uma ditadura, a todos que clamam pela perda da liberdade: pelo menos tenham culhão, tenham coragem, de assumirem que são traidores de seu povo, de sua pátria, de sua mãe, que estão tirando a comida da boca de milhares, senão milhões, de crianças do Brasil!
Pelo menos admitam seu fascismo e sua burguesia;
Pelo menos admitam sua exacerbada fé em um futuro governo que será composto pelas novas pragas do milênio;
Pelo menos admitam que são o que são: traidores, assassinos, corruptos;
Eu rejeito este golpe, eu rejeito este pensamento e eu digo:
Tenho vergonha destes meus compatriotas que praticam um genocídio em seus semelhantes, no sangue de seu sangue, nos filhos da mesma pátria-mãe Brasil.
Peço desculpas ao povo, pois não foi o povo a ser favorável a todas estas coisas, mas sim os seus representantes ou seu silêncio.
Ao invés de brigarmos por "Esquerda ou Direita?" deveríamos conversar sobre "Avanço ou Retrocesso?" .
Aos covardes eu digo: Parabéns, acabam de destruir tudo que foi construído com sangue, suor, sofrimento e lágrimas.
Venceram a noite, venceram a batalha, mas não venceram esta guerra política.
A luta continuará, a justiça talvez tarde mas não falhará, a justiça prevalecerá e um dia nós poderemos, novamente, dizer, com orgulho, que somos brasileiros.
Uma boa noite a todos e que, se alguém tiver alguma crença, que sua divindade nos proteja.
Eu peço para que a nossa inteligência, a nossa racionalidade nos protejam.
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