sábado, 19 de março de 2011

Novos Diálogos suscita debate ao lançar obra sobre poder e religião

Antonio Carlos Ribeiro


O lançamento do livro Relações e privilégios, de Alexandre Brasil Fonseca, reuniu pesquisadores e editores interessados na presença protestante na sociedade brasileira. O evento se deu ontem à noite no Instituto de Estudos da Religião (Iser), no Catete, região central da cidade.

O autor, que é doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo  e pós-doutor pela Universidade de Barcelona, fez palestra sobre as relações do Estado brasileiro e a Igreja católica, numa época de crescente diversidade religiosa e num ambiente de secularização. A capa do livro mostra foto do presidente Getúlio Vargas e o Cardeal Sebastião Leme, cercados por ministros e pessoas da alta sociedade.



Clemir Fernandes, editor da Novos Diálogos, dirigiu o debate que se seguiu. O sociólogo falou das relações de poder, da insistência da Igreja em manter-se próxima do poder político central, mesmo após o fim do sistema de Padroado, e da emergência das igrejas protestantes, com oradores que adquiriam protagonismo numa sociedade de traço conservador e apoiada em oligarquias, em pleno período republicano.

Outro fato incomum é que a sede do Iser, onde a obra foi lançada, fica em frente ao Palácio Episcopal da segunda Arquidiocese brasileira, e a apenas três quadras do Palácio do Catete, sede do Governo Federal, nesta cidade que foi sede do Vice-Reino do Brasil (1763-1815), do reino do Brasil junto ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), do Império do Brasil (1822-1889) e da República dos Estados Unidos do Brasil (1889-1960).

A obra de Brasil Fonseca, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que resultou de sua pesquisa no doutorado, visibilizou fatos, personagens e circunstâncias em geral desconhecidas da vida social e política, especialmente na cidade que sediou o poder por 197 anos, período em que se tornou palco de diversas relações políticas e religiosas. Sempre em perspectiva oligárquica, conservadora e com apoio do Estado.

Uma pergunta do plenário suscitou o tema do ensino religioso confessional, vigente no Estado do Rio de Janeiro, a partir de acordo entre a Igreja Católica – liderada por um bispo e um deputado estadual -, as igrejas pentecostais e os governos de Anthony William Matheus de Oliveira, o Garotinho, e Rosângela Barros Assed Matheus de Oliveira, a Rosinha Garotinho, que propuseram e conseguiram a aprovação da lei do Ensino Religioso Confessional, sobre a qual tramita uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF).

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