segunda-feira, 18 de julho de 2011

Condenados os assassinos de Elisabeth Käsemann

Antonio Carlos Ribeiro

A condenação de dois ex-oficiais e cinco guardas prisionais argentinos põe fim à luta da família Käsemann por justiça pela morte da socióloga Elisabeth Käsemann, informou a jornalista Elvira Treffinger, na coluna Sociedade (Gesellschaft), do periódico evangélico alemão Zeitzeichen. O ex-general Hector Gamen, de 84 anos, e o antigo coronel Hugo Pascarelli, de 81 anos, foram considerados culpados por 156 crimes.


No campo de tortura El Vesubio, em Buenos Aires, foram detidas e torturadas cerca de 2500 pessoas, entre 1976 e 1978, sobretudo opositores da ditadura militar. Entre os crimes, além do assassinato de Elisabeth Käsemann, estão o desaparecimento dos franceses Françoise Dauthier e Jean-Marcel Soler, do escritor Haroldo Conti, do autor musical Hector Oesterheld e do encenador Raymundo Gleyzer. Os dois ex-oficiais militares foram condenados à prisão perpétua, e os guardas, sentenciados a penas entre 18 e 22 anos de prisão.

A médica Eva Teufel, 67, filha do teólogo Ernst Käsemann, da Universidade de Tübingen, morto de 1998, lamenta que tenham se passado 34 anos até que os responsáveis pela morte de sua irmã tenham sido condenados. "Depois de mais de 30 anos, os direitos humanos e de jurisdição ainda estão em andamento", disse sobre os que assassinaram sua irmã no, ao Serviço de Imprensa Evangélico (Evangelisches Pressdienst, em alemão).

Teufel, mais velha quatro anos que Elisabeth, lembra que ela estava atuando na Argentina durante a ditadura militar (1976-1983). Há alguns anos ela já não cria que isto seria possível, não esperava que iria acontecer um veredicto sobre o caso de sua irmã, disse. Diferente da maior parte das vítimas da ditadura argentina, seu corpo foi reclamado através do teólogo Jürgen Moltmann, colega do se pai na Universidade, sendo encontrado no campo de tortura, trasladado e autopsiado em Tübingen.

A condenação dos assassinos responde à busca por justiça. "Minha irmã foi assassinada e morta", com tiros nas costas e no pescoço, a curta distância, já tinha afirmado o laudo da patologia forense alemão. "Foi claramente um assassinato", disse ela, "sem dúvida." No entanto, mesmo após o veredicto, os familiares não sentem nenhuma satisfação e dizem não poder imaginar o que fazer para pôr fim ao sofrimento. Não esquecem a tomada de decisão, com coragem, e da luta internacional que se seguiu pela verdade e justiça.

Ela agradeceu em nome da família aos membros de organismos de ativistas de direitos humanos, advogados, organizações religiosas e particulares, e à "Coalizão contra a Impunidade" que sustentou durante décadas o processo para esclarecimento do crime, na Alemanha e na Argentina. Desse modo, o assassinato de Elizabeth Käsemann foi resgatado do esquecimento, através do "traços de vida" trazidos à luz contra "a mentira do desaparecimento".

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