domingo, 31 de julho de 2011

Breivik, Europe and the extreme right

Antonio Carlos Ribeiro

The facts related to the tragedy that occurred in the Norwegian weekend, arouse our attention, while repeating a story known. A financial crisis round the continent, resistant to interventions with rules of Spartan discipline - economic quarantine of indebted countries, risk assessments that strangle the last forces and armor to make other countries averse to chaos - with calls from far-right parties and armed young insecure, bold and with fragile family and community bonds.


The incidents took place in Oslo and the Isle of Utoeya, which shocked the nation and the world, caused most terrifying every new data raised about Anders Behring Breivik. The coolness with which planned the attack, the strategy to delay the police action, the ideas exposed in 1,500 pages and the impudence to ask for public hearing, in uniform and explaining their reasons.
Not to mention the crime's media New York Times, which blamed the Muslims immediately, correcting the information only hours after the arrest of terrorist.

The court ordered him confined for twice the time allowed by aggravating, with the first four weeks in a closed complete, up to the prosecution evidences, determine the reasons and find supporters of this self-styled Knight Templar, who did not defend anyone , even Christians, even in the Holy Land, and not used medieval weapons. And its calm in court scared the prosecutor Christian Hatlo.

Meanwhile, over 150 000 people flocked to the streets of the capital to mourn the dead, to protest against the attack and express disappointment with the ultra-right groups which, amazingly, left Breivik, denying support to their motives and intentions, making it appear a individual act.

Stefan Schölermann, German expert on extreme right, said the right-wing populist parties are the masterminds of the crime for preaching ideas as a widespread fear of the different - of immigrants, mixed, non-Christians, especially Muslims - and until of gay marriage.

Extremists do not want to be associated with actions similar to serial killers, he said. About the attack, found that the action was planned in detail, the killer knew what he was doing and acted rationally. It is possible that isolated people have similar ideas and are influenced to do something equally bombastic, Schölermann warned. "It is a danger against which no protection," he stressed.

This is echoed in the document The European Declaration of Independence - 2083, proposing an armed struggle for democracy and halt the advance of miscegenation in the coming years. And in the same tone eschatological threatened: "Otherwise, the continent would follow a model of 'bastardization, very similar to that of Brazil,'" defied the Europeans.

The Norwegian Olav Fykse Tveit, General Secretary World Council of Churches, an organization that brings together 560 million Christians around the world, after the shock of the news, said "it is blasphemous to relate Christianity to the actions of a conservative Christian in the fight against Marxist conspiracies and Muslim colonization in Europe".

"It's important to say to all Muslims, wherever they are in Europe or anywhere in the world, that these actions do not express in any way what is our Christian faith and our Christian values," emphasized Tveit.

And finally, the appearance of Jens Breivik, father of the terrorist, can bring the most basic explanation. A retired diplomat who lives in France with current wife, separated from the mother of the shooter when the child was one year old, who lost a custody battle in court. Missing, not seen him for 16 years.

"I do not feel like his father. How can he just kill so many innocent people and still find that what he did was normal? "He said, appalled and ashamed of. Still in shock and pressed by the questions fired: "He should have killed himself, too. That's what he should have done." In one of many times that question has been redone, said that his son should have committed suicide, rather than murder innocent people.

Three keys help understanding. The first is the situation, reflecting the image the world has become accustomed to seeing in the old continent, especially in times of acute economic crisis. The impact of these crises on the ethos of those who feel part of a special category of human beings (white, bearing the Reiche Kultur, superior and exemplary), the second. And the ability to wield the flag of superiority when obstacles impact the establishment, leading to frustration explodes in social life. The latter the most tragic.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Casaldáliga anima educadores de Mato Grosso

Antonio Carlos Ribeiro

Cuiabá, quinta-feira, 28 de julho de 2011 (ALC) - O bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, dom Pedro Casaldáliga, 83, animou educadores do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (SINTEP/MT) em sua luta pela educação. O depoimento foi gravado antes da caminhada da 5ª Romaria dos Mártires, realizada nos dias 16 e 17 de julho em Ribeirão Cascalheira, a 900 km da capital.



Ícone da resistência do povo do Mato Grosso, especialmente os pobres, indígenas e quilombolas, Casaldáliga agradeceu aos professores pela fidelidade à luta pela educação, louvou sua coerência, disposição de luta e mesmo insistência, pedindo que continuem se empenhando pela educação.

Afirmou que não se pode tolerar um ensino submetido aos interesses do latifúndio, do agronegócio e do agrotóxico. Lembrou que sua missão é especial, tendo a educação em primeiro lugar.

Apesar da fragilidade provocada pela doença de Mal de Parkinson, Pedro, como gosta de ser chamado, não deixou de participar da romaria. Casaldáliga foi bispo da prelazia de São Félix até 2005, quando renunciou por motivo de saúde.

Vejam o depoimento: http://www.youtube.com/watch?v=Yt1KdnzY198&feature=youtu.be

quarta-feira, 27 de julho de 2011

"Não vamos deixar que o medo nos paralise", disse a bispa Byfuglien

ALC/EPNN

Oslo – A afirmação foi feita pela Bispa Presidente da Igreja da Noruega, Luterana, no sermão pregado na Catedral de Oslo, no dia 24 de Julho. A celebração foi marcada pela memória dos trágicos acontecimentos na capital norueguesa e na ilha de Utoeya. O tom da cerimônia era uma mistura de tristeza e esperança.


O Rei Harald e a Rainha Sônia, o primeiro-ministro Jens Stoltenberg, e os líderes dos partidos políticos da Noruega estavam presentes durante o culto, transmitido ao vivo pela Norwegian Broadcasting Corporation (NBC) por rádio e TV.

"O que é mais natural do que ansiedade, quando o inimaginável acontece?", indagou a bispa Helga Haugland Byfuglien, que respondeu em seguida: "não deixar o medo nos paralisar - não deixe que seu coração se perturbe", inspirando firmeza ao seu rebanho.

Else Britt Nilsen, na presidência do Conselho Cristão da Noruega, disse numa carta para às sociedades-membro, que o tiroteio de Utoeya foi "uma tragédia inimaginável. Muitas vidas
jovens foram perdidas, brutalmente arrancadas, enquanto estavam reunidos para a diversão, a comunhão e o compromisso. "Nilsen incentivou as igrejas-membro", a serem locais de atendimento, participação e oração para aqueles que foram afetados."

A explosão de uma bomba maciça quebrou janelas e danificou edifícios na capital norueguesa, na tarde de sexta-feira, dia 22, matando sete pessoas e ferindo outras. Apenas 90 minutos depois, um homem armado matou outras 69 e deixou feridos, num acampamento de jovens na ilha Utoeya, dirigido pelo Partido Trabalhista. A polícia acusou um norueguês de 32 anos pela explosão da bomba em Oslo e pelo envolvimento no massacre na ilha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Breivik, a Europa e a extrema direita

Antonio Carlos Ribeiro

Os fatos relacionados à tragédia norueguesa ocorrida no fim de semana, despertam nossa atenção, ao passo que repetem um enredo conhecido. Uma crise financeira ronda o continente, resistente às intervenções com regras de disciplina espartana – quarentena econômica dos países endividados, avaliações de risco que estrangulam as últimas forças e blindagem para tornar os demais países infensos ao caos – com os apelos dos partidos de extrema direita e o braço armado de jovens inseguros, ousados e com vínculos familiares e comunitários frágeis.



Os incidentes ocorridos em Oslo e na Ilha de Utoeya, que chocaram o país e o mundo, provocavam maior estarrecimento a cada novo dado levantado a respeito de Anders Behring Breivik. A frieza com que planejou o atentado, a estratégia para retardar a ação policial, o ideário exposto em 1.500 páginas e a desfaçatez de pedir audiência pública, uniformizado e explicando suas razões. Sem esquecer o crime midiático do New York Times, que culpou os muçulmanos imediatamente, só retificando a informação horas após a prisão do terrorista.

A Justiça mandou confiná-lo pelo dobro do tempo permitido, pelas agravantes, com as primeiras quatro semanas em regime fechado completo, para que a promotoria levante provas, determine os motivos e descubra os apoiadores deste auto-denominado cavaleiro templário, que não defendia ninguém, sequer cristãos, nem na Terra Santa, e nem usava armas medievais. E cuja calma no tribunal assustou o promotor Christian Hatlo.

Enquanto isso, mais 150 mil cidadãos acorreram às ruas da capital para lamentar os mortos, protestar contra o atentado e manifestar a decepção com os grupos de ultra-direita que, pasmem, abandonaram Breivik, negando apoio a seus motivos e intenções, fazendo parecer um ato individual.

Stefan Schölermann, especialista alemão em extrema direita, afirmou que os partidos populistas de extrema direita são os autores intelectuais do crime, por pregarem ideias como um medo difuso dos diferentes – dos imigrantes, dos miscigenados, dos não-cristãos, especialmente os muçulmanos – e até do casamento homossexual.

Extremistas não querem ser associados a ações semelhantes a de assassinos seriais, lembrou. Sobre o atentado, constatou que a ação foi planejada em detalhes, o assassino sabia o que fazia e agiu racionalmente. É possível que pessoas isoladas tenham ideias semelhantes e sejam influenciadas a fazer algo igualmente bombástico, alertou Schölermann. “É um perigo contra o qual não há proteção”, sentenciou.

Isso encontra eco no documento Uma declaração de independência europeia – 2083 (A European Declaration of Independence – 2083, em inglês), propondo luta armada e democracia para deter o avanço da miscigenação nos próximos anos. E, no mesmo tom escatológico, ameaçou: “Caso contrário, o continente seguiria um modelo de ‘bastardização, muito similar ao do Brasil’”, desacatando os europeus.

O norueguês Olav Fykse Tveit, Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, entidade que reúne 560 milhões de cristãos em todo o mundo, após o abalo da notícia, afirmou “ser uma blasfêmia relacionar a cristandade com as ações de um cristão conservador em luta contra conspirações marxistas e a colonização muçulmana na Europa”.

“E importante dizer a todos os muçulmanos, onde quer que estejam, na Europa ou em qualquer lugar do mundo, que estas ações não expressam de forma alguma o que é a nossa fé cristã e os nossos valores cristãos”, enfatizou Tveit.

E por último, a aparição de Jens Breivik, pai do terrorista, pode trazer a explicação mais elementar. Um diplomata aposentado que vive na França com atual mulher, se separou da mãe do atirador quando a criança tinha apenas um ano, de quem perdeu custódia numa batalha judicial. Ausente, não o via há 16 anos.

“Eu não me sinto como pai dele. Como ele pode simplesmente matar tanta gente inocente e ainda achar que o que ele fez foi normal?”, afirmou, entre estarrecido e envergonhado. Ainda em estado de choque e pressionado pelas perguntas, disparou: “Ele deveria ter se matado, também. Isso é o que ele deveria ter feito”. Numa das muitas vezes que a pergunta foi refeita, disse que o filho deveria ter se suicidado, em vez de assassinar pessoas inocentes.

Três chaves ajudam a compreensão. A primeira é a situação, reflexo da imagem que o mundo se acostumou a ver no velho continente, especialmente em épocas de crise econômica aguda. O impacto dessas crises sobre o ethos dos que se sentem parte de uma categoria especial de seres humanos (brancos, portadores da reiche Kultur, superiores e modelares), a segunda. E o recurso de empunhar a bandeira da superioridade quando os obstáculos impactam o establishment, gerando a frustração que explode na vida social. Esta última, a mais trágica.


Expresse sua solidariedade com o povo da Noruega! Clicar é uma forma de dar um abraço!

http://www.vg.no/nyheter/innenriks/oslobomben/lenke.php

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Vigília, missa e caminhada lembram 18 anos da chacina da Candelária

Antonio Carlos Ribeiro


Rio de Janeiro – Uma vigília iniciada na noite do dia 21, seguida de missa e caminhada, relembrou a morte de crianças na porta da Igreja da Candelária, no centro. A ministra-chefe da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, pediu "que essa brutalidade, gravada significativamente na história da nossa cidade e do nosso País, nunca volte a acontecer".




A Igreja da Candelária ficou cheia de crianças e representantes de entidades dos direitos humanos. O padre Sérgio Marques iniciou a celebração dizendo que as tragédias no Brasil precisam ser lembradas. E agradeceu a Deus pelos 21 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).


A "Caminhada em Defesa da Vida! Candelária Nunca Mais!", realizada hoje, contou com a presença de representantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, integrantes de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e da sociedade civil. Os manifestantes saíram da igreja e seguiram pela avenida Rio Branco até a Cinelândia. O objetivo era não esquecer as vítimas, a maior parte crianças, mortas por policiais na porta do templo.


A ministra Maria do Rosário, lembrou das "mães de maio da Baixada Santista, das mães do Espírito Santo e das mães de Realengo", pedindo que elas "encontrem em Deus a força para seguir adiante". Pais e alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, onde 12 crianças foram mortas, também participaram da vigília, da missa e da caminhada.


As seis crianças e dois adultos, moradores de rua, foram assassinados por policiais militares em 23 de julho de 1993, enquanto estavam dormindo. As investigações mostraram que um grupo de crianças e adolescentes assaltaram a mãe de um policial militar no dia anterior, mas não afastaram a hipótese de que os assassinos integravam um grupo de extermínio, cujo objetivo era "limpar" o centro histórico.


Eles abriram fogo contra mais de 70 crianças e adolescentes moradores de rua. Um dos sobreviventes do massacre, Sandro Barbosa do Nascimento, sequestraria o ônibus 174 em 12 de junho de 2000. Uma de suas reféns, usada como escudo durante o cerco policial, acabou morta.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Condenados los asesinos de Elisabeth Käsemann

Antonio Carlos Ribeiro

La condena de dos ex-oficiales y cinco guardas de prisión argentinos pone fin a la lucha de la familia Käsemann por justicia por la muerte de la socióloga alemana Elisabeth Käsemann, informó la periodista Elvira Treffinger, en la columna Sociedad (Gesellschaft), del periódico evangélico alemán Zeitzeichen. El ex-general Hector Gamen, de 84 años, y el ex-coronel Hugo Pascarelli, de 81 años, fueron considerados culpables por 156 crímenes.


En el campo de tortura El Vesubio, en Buenos Aires, fueron detenidas y torturadas cerca de 2.500 personas, entre 1976 y 1978, sobretodo opositores de la dictadura militar. Entre los crímenes, además del asesinato de Elisabeth Käsemann, que trabajaba en la Argentina, constan la desaparición de los franceses Françoise Dauthier y Jean-Marcel Soler, del escritor Haroldo Conti, del autor musical Hector Oesterheld y de Raymundo Gleyzer. Los dos ex-oficiales militares fueron condenados a prisión perpetua, y los guardas sentenciados a penas entre 18 y 22 años de prisión.

La médica Eva Teufel, 67, hija del teólogo Ernst Käsemann, de la Universidad de Tübingen, fallecido en 1998, lamenta que hayan pasado 34 años hasta que los responsables por la muerte de su hermana hayan sido condenados.

Cuatro anos mayor que Elisabeth, Eva Teufel recuerda que ella actuaba en la Argentina durante la dictadura militar (1976-1983). Hace algunos años Eva no acreditaba que la justicia pudiese ser hecha. Diferente de la mayor parte de las víctimas de la dictadura argentina, el cuerpo de la socióloga fue reclamado por el teólogo Jürgen Moltmann, de la misma Universidad, y fue encontrado en el campo de tortura, trasladado y realizada la autopsia en Tübingen, Alemania.

"Mi hermana fue asesinada y muerta" con tiros en el costado y en el cuello, a corta distancia, mostró el trabajo de la patología forense alemana. "Fue claramente un asesinato", dice Eva. No obstante, aún después del veredicto, los familiares no sienten ninguna satisfacción y dicen no poder imaginar o que hacer para poner fin al sufrimiento.

Eva agradece en nombre de la familia a los miembros de organismos de activistas de derechos humanos, abogados, organizaciones religiosas y particulares, y a la "Coalición contra la Impunidad" que sustentó durante décadas el proceso para esclarecimiento del crimen, en Alemania y en Argentina. De ese modo, el asesinato de Elizabeth Käsemann fue rescatado del ocultamiento, a través de "trazos de vida" traído a la luz contra "la mentira del desaparecimiento".

terça-feira, 19 de julho de 2011

Convicted killers Elisabeth Käsemann

Antonio Carlos Ribeiro

The sentencing of two former officers and five prison guards argentinian put an end to fight of family Käsemann for justice for the death of sociologist Elisabeth Käsemann, published the journalist Elvira Treffinger, in column Society (Gesellschaft), the German Evangelical journal Zeitzeichen. The former general Hector Gamen, 84, and the old Colonel Hugo Pascarelli, 81, were found guilty of 156 crimes.

In the field of torture El Vesubio, in Buenos Aires, were arrested and tortured about 2500 people between 1976 and 1978, especially opponents of the military dictatorship. Among the crimes, even the murder of Elisabeth Käsemann are disappearing of French citizens Francoise Dauthier and Jean-Marcel Soler, writer Haroldo Conti, musical author Hector Oesterheld and director Raymundo Gleyzer. The two former military officers were sentenced to life imprisonment, and the guards sentenced to between 18 and 22 years in prison.

Dr Eva Teufel, 67, daughter of the theologian Ernst Käsemann, University of Tübingen, who died 1998, regrets that 34 years passed until the responsible for the death of his sister have been convicted. "After more than 30 years, human rights and jurisdiction are still in progress," said about those who murdered his sister, to the Evangelical Press Service (Evangelisches Pressdienst).

Teufel, four years older than Elisabeth, remembers that she was operating in Argentina during the military dictatorship (1976-1983). A few years ago she did not believe that this would be possible, did not expect what would happen a verdict on his sister, said. Unlike most victims of the Argentine dictatorship, his body was claimed by the theologian Jürgen Moltmann, colleague of her father in the university, being found in the field of torture, transfered and autopsied in Tübingen.

The conviction of the killers answers his quest for justice. "My sister was murdered and shot," with shots to the back and neck at close range, had affirmed the award of the German forensic pathology. "It was clearly a murder," she said, "no doubt." However, even after the verdict, the relatives do not feel any satisfaction and say they can not figure out what to do to end the suffering. Do not forget the decision-making, with courage, and the ensuing international fight for truth and justice.

She thanked, on behalf of the family, to members of human rights organizations, activists, lawyers, religious organizations and individuals, and the "Coalition Against Impunity" that argued for decades the process of clarification of the crime, in Germany and Argentina. Thus, the murder of Elisabeth Käsemann was rescued from oblivion by the "traces of life" brought to light against "the lie of the disappearance."

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Condenados os assassinos de Elisabeth Käsemann

Antonio Carlos Ribeiro

A condenação de dois ex-oficiais e cinco guardas prisionais argentinos põe fim à luta da família Käsemann por justiça pela morte da socióloga Elisabeth Käsemann, informou a jornalista Elvira Treffinger, na coluna Sociedade (Gesellschaft), do periódico evangélico alemão Zeitzeichen. O ex-general Hector Gamen, de 84 anos, e o antigo coronel Hugo Pascarelli, de 81 anos, foram considerados culpados por 156 crimes.


No campo de tortura El Vesubio, em Buenos Aires, foram detidas e torturadas cerca de 2500 pessoas, entre 1976 e 1978, sobretudo opositores da ditadura militar. Entre os crimes, além do assassinato de Elisabeth Käsemann, estão o desaparecimento dos franceses Françoise Dauthier e Jean-Marcel Soler, do escritor Haroldo Conti, do autor musical Hector Oesterheld e do encenador Raymundo Gleyzer. Os dois ex-oficiais militares foram condenados à prisão perpétua, e os guardas, sentenciados a penas entre 18 e 22 anos de prisão.

A médica Eva Teufel, 67, filha do teólogo Ernst Käsemann, da Universidade de Tübingen, morto de 1998, lamenta que tenham se passado 34 anos até que os responsáveis pela morte de sua irmã tenham sido condenados. "Depois de mais de 30 anos, os direitos humanos e de jurisdição ainda estão em andamento", disse sobre os que assassinaram sua irmã no, ao Serviço de Imprensa Evangélico (Evangelisches Pressdienst, em alemão).

Teufel, mais velha quatro anos que Elisabeth, lembra que ela estava atuando na Argentina durante a ditadura militar (1976-1983). Há alguns anos ela já não cria que isto seria possível, não esperava que iria acontecer um veredicto sobre o caso de sua irmã, disse. Diferente da maior parte das vítimas da ditadura argentina, seu corpo foi reclamado através do teólogo Jürgen Moltmann, colega do se pai na Universidade, sendo encontrado no campo de tortura, trasladado e autopsiado em Tübingen.

A condenação dos assassinos responde à busca por justiça. "Minha irmã foi assassinada e morta", com tiros nas costas e no pescoço, a curta distância, já tinha afirmado o laudo da patologia forense alemão. "Foi claramente um assassinato", disse ela, "sem dúvida." No entanto, mesmo após o veredicto, os familiares não sentem nenhuma satisfação e dizem não poder imaginar o que fazer para pôr fim ao sofrimento. Não esquecem a tomada de decisão, com coragem, e da luta internacional que se seguiu pela verdade e justiça.

Ela agradeceu em nome da família aos membros de organismos de ativistas de direitos humanos, advogados, organizações religiosas e particulares, e à "Coalizão contra a Impunidade" que sustentou durante décadas o processo para esclarecimento do crime, na Alemanha e na Argentina. Desse modo, o assassinato de Elizabeth Käsemann foi resgatado do esquecimento, através do "traços de vida" trazidos à luz contra "a mentira do desaparecimento".

sábado, 16 de julho de 2011

Homenagem a Elisabeth Kaesemann, vítima da ditadura Argentina

Antonio Carlos Ribeiro

A Associação Alemã de Hispanistas prestou homenagem à socióloga alemã Elisabeth Kaesemann, assassinada em 1977 pela ditadura militar argentina, em Buenos Aires. A cerimônia póstuma foi celebrada no dia 25 de março, no cemitério de Lustnau, na cidade de Tübingen, Alemanha.

Elisabeth, uma das 30 mil vítimas das Forças Armadas da Argentina, que comandou o período mais cruel da ditadura entre 1976 e 1983, era filha do teólogo e biblista luterano Ernst Kaesemann. Ela foi morta num quartel militar, com três tiros nas costas. O corpo foi reclamado pelo pai, entregue pela ditadura e sepultado no dia 16 de junho de 1977. A cerimônia, presidida pelo teólogo Jürgen Moltmann, provocou solidariedade e comoção, levando-o a registrar: "nunca me foi tão difícil pregar um sermão fúnebre".

O prefeito de Tübingen, Boris Palmer, enviou mensagem destacando o compromisso de Elisabeth com os marginalizados da América Latina, observando que, por causa deste espírito solidário, sua cidade mantém acordos de irmandade com cidades do Peru e da África.

Ulrich Kaesemann, irmão de Elisabeth, destacou que ela conheceu a Bolívia e o Peru, decidindo fixar-se na Argentina, com a intenção de ajudar os mais carentes. Ela foi detida por membros das forças armadas em 1977. Seus pais solicitaram apoio do governo, à época a República Federal da Alemanha, para obterem sua liberdade.

Mas, "a resposta foi o desinteresse, já que não queriam imiscuir-se nos assuntos de outros Estados". A razão verdadeira, denunciou o irmão, é que o governo alemão, dirigido pelo popular primeiro ministro Helmut Schmidt, se interessou mais pelos ganhos econômicos que as empresas alemãs estabelecidas na Argentina negociaram com o governo militar.

A extradição do general Jorge Rafael Videla e do ex-almirante Emilio Eduardo Massera para Alemanha foi solicitada em 2003 pelo Tribunal de Nüremberg, para que sejam acusados pelo assassinato. Em 2008 o pedido de extradição foi recusado pela Corte Suprema da Argentina. O governo da primeira ministra Angela Merkel tem a expectativa de que seja aberto este ano o processo penal pelo assassinato da socióloga, para o qual se constituiu parte acusadora.

O Ministério das Relações Exteriores da Argentina reconheceu, em março de 2006, o espírito solidário e o compromisso de Elisabeth Kaesemann com as vítimas da ditadura e decidiu incluí-la na lista de religiosos e religiosas de diversos credos, vítimas do terrorismo de Estado. Sua vida e trabalho foram lembrados com uma placa de mármore fixada e uma árvore de oliveira plantada na praça San Martín, de Buenos Aires.

Publicado em Blog das Teologikas, Rio de Janeiro, 27 abr. 2009 (http://anamariatepedino.com/blogteologikas/?p=170)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Estudantes de fés diferentes buscam se compreender em Bossey

Theodore Gill*

"As religiões como instrumentos de paz" é o subtítulo de um curso de verão de 2011, sobre "A construção de uma comunidade inter-religiosa".
Vinte e três alunos de mais de uma dúzia de nações se reuniram no Instituto Ecumênico de Bossey, Suíça, para o curso que vai de 4 a 29 de julho.


Um dos palestrantes no início admitiu que muitos observadores vêem hoje as religiões não como instrumentos de paz, mas como razões para o conflito. "Nossas mãos, como líderes religiosos, não estão limpas", disse o rabino Richard Marker, do Comitê Internacional Judaico de Consultas Inter-religiosas.

A experiência de muitas nações e seus governos, agregou, "é que a religião é uma causa de divisão que trabalha contra valores compartilhados."

Agora em seu quinto ano, o curso de verão do instituto sobre relações inter-religiosas reúne estudantes da judaica, tradições cristãs e muçulmanas para um tempo de estudo, experiência compartilhada dos espaços sagrados dos outros e de reflexão sobre suas próprias culturas, espiritualidades e visões de mundo.

O corpo discente é formado por nove homens e catorze mulheres.
Dez são cristãos, sete são muçulmanos e seis são judeus.

Eles vieram da América Latina, Europa Ocidental e Oriental, Oriente Médio, Ásia e Austrália.
Três são irmãs de ordens religiosas na Colômbia, Guatemala e Romênia.Três alunos vieram de Israel, e três são palestinos.

Danielle Antebi, de Israel, com formação acadêmica base em criminologia e política internacional, estava ansiosa para participar do curso, após a experiência positiva de seu irmão como um estudante no último verão.
"Ele é um arqueólogo que dá palestras sobre Israel em vários lugares", diz ela, "e queria uma oportunidade para conhecer pessoas de diferentes países e ouvir suas opiniões sobre Israel e das relações entre pessoas de religiões diferentes."

Ela concluiu que um mês em Bossey, com vista para o Lago de Genebra, lhe propiciariam "uma grande oportunidade para conhecer e interagir com pessoas que representam diversas culturas."

Charlotte Lindhé ouviu falar do curso através de seu pastor na Igreja da Suécia.
Após sua graduação na escola secundária, ela começou um ambicioso programa de viagem como mochileira que a levou para a China, Sudeste Asiático e Oriente Médio. Destinos futuros incluem a Grécia, Índia e América do Norte.

"Espero aprender mais sobre a minha própria religião em relação com as crenças dos outros", ela explica, "e eu espero ser capaz de compartilhar o que aprendi com a minha própria paróquia e outros, quando eu voltar para a Suécia."

Ela diz que seu interesse na atividade inter-religiosa foi despertada ao visitar Israel e Palestina, onde viu "lado a lado as religiões existentes, mas ainda não convivendo realmente".

Ir além da tolerância das diferenças de apreciação


Mohammed Azhari, da Austrália, que prosseguiu seus estudos em Ensino Islâmico e Diálogo Inter-religioso durante seu trabalho de graduação em Damasco, vê o curso em Bossey como "uma excelente oportunidade de vir e encontrar pessoas de outras expressões de fé. Aqui, começaremos a construir uma comunidade entre nós, na esperança de que este será um primeiro passo em direção a alguma conquista maior."

Azhari vê os alunos se perguntando: "Como é que as pessoas alcançam a paz através da oração, através de suas crenças? Ao nos conhecer uns aos outros como pessoas, vamos aprender a nos respeitar uns aos outros.
Desta forma, podemos ir além da simples tolerância à valorização, à aceitação, mesmo daquilo que nos torna diferentes. E este é o melhor, já que é a ignorância que leva ao conflito. "

Durante a primeira semana de aulas, o Rabino Marker se juntou ao Grão Rabino Marc Raphaël Guedj, presidente da Fondation Racines et Fontes (Fundação Raízes e Fontes), no debate sobre o judaísmo.

Professor Fawzia Al-Ahmawi, da Universidade de Genebra, e Ouardiri Hafid, presidente da Ta'aruf Foundation (Fundação Inter-conhecimento), estão oferecendo seus conhecimentos sobre o Islã. A perspectiva do Cristianismo será apresentada por membros da equipe do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), bem como pelo Professor S. Wesley Ariarajah, da Universidade Drew, dos Estados Unidos da América.

E o Professor Odair Pedroso Mateus, do Instituto Ecumênico e coordenador acadêmico do curso de Verão de 2011, campeões desta oportunidade para "promover o encontro, não provocar conflito", para fazer perguntas duras e explorar a possibilidade de "diálogo como meio de mudança pacífica" no
mundo, para "encorajar a relação comunitária entre as civilizações, em vez de um confronto."

A administração do Instituto Ecumênico se mostrou sensível à variedade de práticas alimentares entre os alunos, e aos espaços de culto, organizados de forma apropriada a cada uma das tradições religiosas representadas.

Fundado em 1946, o Instituto Ecumênico de Bossey é o centro internacional para o diálogo, encontro e formação do CMI.
Ela está ligado à Universidade de Genebra, através de um acordo de aliança com faculdade autônoma de teologia protestante da universidade.

O curso de verão foi organizado conjuntamente pelo Instituto Ecumênico, o programa do CMI sobre Diálogo Inter-religioso e Cooperação, a Fundação Ta'aruf e a Fondation Racines et Fontes.

* Theodore Gill é editor sênior da WCC Publications, em Genebra, e ministro ordenado da Igreja Presbiteriana (EUA). Traduzido de
http://www.oikoumene.org/en/news/news-management/eng/a/article/1634/students-of-diverse-faith.html.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Lutheran pastor is appointed police ombudsman of Mato Grosso State, Brazil

ALC

Pastor Teobaldo Witter, 60, of the Evangelical Church of Lutheran Confession in Brazil (IECLB), was chosen from a triple list by the State Council on Human Rights (CEDH-MT) and appointed by the governor Silval Barbosa for the role of the Police Ombudsman State of Mato Grosso. He served as ombudsman of the Department of Motor Vehicles (DETRAN-MT) for eight and a half years, said the journalist Keka Werneck, Burnier Center's Faith and Justice, of the Jesuit priests.


Witter, who is a minister since the 70's, feels challenged to the new task. In addition to theology, he studied pedagogy at the Federal University of Mato Grosso (UFMT) and concluded Masters in Theology in Faculty EST, São Leopoldo, in 2010. The pastor runs the Center for Human Rights Henrique Trindade (CDHHT) and in the regional of National Council of Christian Churches of Brazil (CONIC-MT).

The role of the police ombudsman is the same as developed in the Department of Motor Vehicles: hear complaints from the public and make suggestions for change."The Ombudsman is the gateway to the complaints," he said.

The police, military and civilian, have their institutional ombudsman. "This Ombudsman that I took is popular," he noted. "Here come several issues," he explained, from complaints of the police to suggestions for improvements in the area.

"I see that people think the complaints are not properly taken seriously. So, first I have to work so that people understand that everything is investigated. There is nothing shelved. Everything is sent to Internal Affairs," he said.

Its role is to "answer which is a function of police in a democratic society", while "who defends human rights." He said that "the system is democratic in theory but in practice it is not. Many of the police enter in the dimension of a work that reaffirms this system of exclusion”. The function requires that "manage class Human Rights, democracy and citizenship in police academies."

About the internal tension of militarian and civilian forces, noted that Mato Grosso and Brazil will necessarily have to have a more citizen-police, if they want to be recognized worldwide as a country fair, a fair state. "The state has to ensure that human rights are respected. It may not be as before: he's making and over. This has to do with foreign policy and financing", he pointed out.

Among the new officers who have entered into the corporation, much of that vision is of a different police, said. Believes that "most police officers are employees, and society must have respect for them, who are also offended, abused and beaten. Others, however, are really violent. These should be treated differently, can not count on impunity. Must work within the limits of the law", signaled.

Pastor luterano é nomeado ouvidor da Polícia de Mato Grosso

ALC

O pastor Teobaldo Witter, 60, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), foi escolhido de uma lista tríplice pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH-MT) e nomeado pelo governador Silval Barbosa para a função de ouvidor da Polícia do Estado de Mato Grosso. Ele atuou como ouvidor do Departamento de Trânsito (Detran-MT) por oito anos e meio, informou a jornalista Keka Werneck, do Centro Burnier Fé e Justiça, dos padres jesuítas.

Witter, que é pastor desde os anos 70, sente-se desafiado para a nova tarefa. Além de Teologia, cursou Pedagogia na Universidade Federal do Mato Grosso e concluiu Mestrado em Teologia nas Faculdades EST, de São Leopoldo, em 2010. O pastor coordena o Centro de Direitos Humanos Henrique Trindade (CDHHT) e o regional do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC-MT).

O papel do ouvidor na polícia será o mesmo do desenvolvido no Departamento de Trânsito: ouvir denúncias da população e apresentar sugestões de mudanças. “A Ouvidoria é a porta de entrada das reclamações”, explicou.

As Polícias, Militar e Civil, têm suas ouvidorias institucionais. “Essa Ouvidoria que eu assumi é popular”, observou. “Aqui chegam assuntos vários”, esclareceu, desde reclamações da atuação da polícia até sugestões de melhorias na área.

“Vejo que a população acha que as reclamações não são devidamente levadas a sério. Então, primeiro é preciso trabalhar para que o povo entenda que tudo é investigado. Não fica nada engavetado. Tudo é encaminhado à Corregedoria”, garantiu.

Seu papel é “responder qual é a função de uma polícia em uma sociedade democrática”, ao mesmo tempo em que “defende os Direitos Humanos”. Afirmou que “o sistema é teoricamente democrático, mas na prática não é. Muitos dos policiais entram na dimensão de um trabalho que reafirma esse sistema de exclusão”. A função exige que “administre aula de Direitos Humanos, democracia e cidadania nas academias de polícia”.

Sobre tensões internas às forças, observou que o Mato Grosso e o Brasil obrigatoriamente vão ter que ter uma polícia mais cidadã, se quiserem ser reconhecidos no mundo como um país justo, um Estado justo. “O Estado tem que zelar para que se respeitem os Direitos Humanos. Não pode ser como antigamente: fez e acabou. Isso tem a ver com a política externa e financiamento”, pontuou.

Entre os novos policiais que têm entrado na corporação, boa parte está com essa visão de uma outra polícia, disse. Entende que “a maioria dos policiais são trabalhadores, e a sociedade deve ter respeito por eles, que também são ofendidos, desrespeitados e agredidos. Outros, porém, são realmente violentos. Esses devem receber tratamento diferenciado, não podem contar com a impunidade. Devem trabalhar no limite da lei”, sinalizou.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sociólogo corrige ex-ministro do STF

Antonio Carlos Ribeiro

O sociólogo da religião Pedro Ribeiro de Oliveira, professor do Mestrado em Ciências da Religião na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), publicou texto corrigindo os arrazoados jurídicos do ex-ministro Eros Grau. Ele baseou-se na expressão “de caráter confessional”, que consta no artigo 11 do Acordo Bilateral, assinado entre o Brasil e a Santa Sé, e não o termo “ensino religioso” constante na Constituição Federal de 1988.

Já o ex-ministro mostrou incapacidade básica ao não distinguir a importância e estabelecer a diferença de um diploma legal como a Carta Magna e um Acordo, cujo valor jurídico duvidoso foi debatido nas Casas Legislativas. Escrito sob pressão política, foi desconsiderado pelo Ministério da Educação, que acatou decisão da Conferência Nacional de Educação.

Para Oliveira, “o ensino religioso é uma disciplina cuja finalidade é estudar os fenômenos religiosos numa perspectiva intercultural, como elemento da formação cidadã, para ajudar as novas gerações a superarem preconceitos e a respeitarem o direito às diferenças”.

Com isso, coloca a primeira dificuldade: a religião, em perspectiva cidadã, exige um conhecimento bem fundamentado da religiosidade humana. Recitar versículos decorados e documentos magisterais tem na sociedade impacto ainda menor do que nas comunidades de fé.

Isso remete à perspectiva acadêmica e explica o crescimento dos cursos de pós-graduação em Ciências da Religião, pleiteando uma formação mais ampla, interdisciplinar e sem o controle eclesiástico. “É uma disciplina do campo das Ciências Humanas, na qual se entrecruzam as diversas contribuições ao estudo comparado das religiões. Tal estudo enriquece tanto as pessoas que professam uma fé ou tradição religiosa, quanto as que se declaram não-religiosas”, assinala Pedro Ribeiro.

Explica ainda aos não-religiosos, população que tem crescido nos últimos Censos, que pode ajudá-los a ter “seu horizonte de conhecimento ampliado numa perspectiva respeitosa em relação às religiões, e” aos religiosos, que “serão capazes de integrar suas próprias convicções religiosas a um universo mais amplo de formas de relação com o sagrado”.

“Já o ensino confessional é um processo educativo cuja finalidade é aprimorar e fundamentar a fé”, aponta, explicando que o “espaço específico é a própria comunidade religiosa onde essa fé é vivida antes de ser intelectualmente sistematizada. Na Igreja Católica, é o espaço da catequese em suas diversas e sucessivas etapas. Nas Igrejas evangélicas, é o espaço da Escola Dominical, que normalmente acontece em sintonia com os serviços de culto”.

O sociólogo deixa claro que as demais religiões, incluindo os centros espíritas, os templos de religiões afrobrasileiras e filosofias orientais, também têm asseguradas as “diferentes modalidades de estudo de sua doutrina. Enfim, cada instituição religiosa tem instrumentos apropriados para dar a seus membros uma fundamentação racional de sua crença, ao articular a prática com a teoria da fé”. No espaço próprio.

“Erra, então, o ex-ministro ao afirmar que ‘não há absolutamente nada de novo aí’”. O sociólogo passa a referir-se à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 e dos muitos debates até chegar à forma de educação para a cidadania.

Ele lembrou os muitos acordos da então governadora Rosinha Garotinho para derrubar o projeto de traços constitucionais e adaptar “a legislação do Estado do Rio de Janeiro para abrir maiores possibilidades de emprego na rede pública a ministros evangélicos. Essa brecha legal foi aproveitada pelo Acordo Bilateral para introduzir o ensino confessional, e é justamente por isso que sua legalidade está em contestação”.

O ministro errou novamente “ao inferir que ‘a religião há de ser ensinada nas escolas (...) por professores ‘não confessionais’, ou seja, por professores não vinculados a qualquer religião, sem religião’”.

Pedro Ribeiro esclarece: “o ensino é não-confessional, não o professor ou professora que o ministra. Uma coisa é expressar sua fé religiosa ou ateísta, outra é fazer da sala de aula um espaço de doutrinação ou de proselitismo. Este é o espírito da nossa legislação, que respeita tanto as religiões quanto a laicidade do Estado”, que o ex-ministro parece não ver.

Assim, declara apoio à ação proposta pela Procuradoria-Geral da República, assinada pela vice-Procuradora Geral da República, Deborah Duprat, após repetir falhas jurídicas do acordo Brasil - Santa Sé que, com tantas formulações sem apoio constitucional, precisou ser generalizado a todas as igrejas e religiões. Isso significa que toda comunidade de fé pode reivindicar o que nele foi assegurado a apenas uma.

Sem querer ser lido como “anticlerical” ou “anticatólico”, Oliveira lembra que a tentativa de açambarcar a estrutura do Estado pode resultar perdida se o STF definir o ensino religioso nas escolas como de caráter não-confessional.

“Será bom para a cidadania e também para as Igrejas e tradições religiosas, que devem propiciar a educação da fé no mesmo espaço onde ela é vivenciada, isto é, no interior da comunidade de fé”. E a sociedade se aprofundará, cada vez mais, na vivência da alteridade, a capacidade de conhecer, respeitar e conviver com o diferente. Como iguais.

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